sábado, novembro 24, 2012

Quem é o iluminado?



"Quem é o iluminado?

No seu tempo, é sempre um louco delirante que faz tudo diferente de todos. Ele sofre, principalmente, de um alto senso de dignidade humana - o que o torna insuportável para todos os próximos - que são indignos.

Ele sofre, depois, de uma completa cegueira em relação à "realidade" (convencional), que ele não respeita nem um pouco.

Ama desbragadamente, o sem vergonha!

Comporta-se como se as pessoas merecessem confiança, como se todos fossem bons, como se toda criatura fosse amável, linda, admirável.

Assim ele vai deixando um rastro de luz por onde quer que passe.

Porque se encanta, porque se apaixona, porque abraça com calor e amor, por que sorri e é feliz.

Como pode, esse louco?

Como pode estar - e viver! - sempre tão fora da realidade, que é sombria, ameaçadora; como ignorar que os outros - sempre os outros - são desconfiados, desonestos, mesquinhos, exploradores, prepotentes, fingidos, traiçoeiros, hipócritas...

Ah! Os outros..."

- J. A. Gaiarsa

quinta-feira, outubro 25, 2012

Quando Muda



Loucura é fazer sempre as mesmas coisas e esperar que a vida seja diferente, é deixar de assumir riscos por medo de se arriscar.

Um dia coloquei um par de tênis e tudo mudou. Mudou por que saí para correr sem esperanças e voltei cansado.

Cansei do antigo, cansei do mesmo, mas não de correr, pois isso me fez muito bem e não parei mais. E por não parar de correr aprendi que podia ir mais longe.

Indo mais longe deixei tudo que me chateava para trás e, superando o que me cansava, comecei a sorrir e me fazer feliz outra vez.

E por sorrir e ser feliz outras pessoas quiseram ser felizes comigo.

Conhecendo tanta gente boa senti vontade de mudar tudo, fazer tudo do avesso. Aí, virado do avesso, fui à luta mais uma vez.

Vencendo batalhas percebi o quanto precisei perde antes de me tornar mais humilde. E com humildade consegui enxergar quanta coisa eu carregava de que realmente nunca precisei.

Deixei o desnecessário para trás e comecei a me sentir mais leve.

E quanto mais leve ficava mais pessoas me achavam bonito e contente. Mais contente e rodeado de gente, consegui reencontrar e fazer amigos de verdade outra vez.

Esses amigos de verdade fizeram me sentir incrível!

E com uma vida incrível ficou mais fácil perdoar e não sentir falta do meu passado, por que, sem cometer os erros de sempre, tornou-se bem mais fácil progredir e ir cada vez mais longe!

Para ir mais longe, calcei meu par de tênis e fui fazer tudo do avesso mais uma vez.

E virei do avesso por que deste lado da vida sou muito mais feliz!

domingo, agosto 26, 2012

Apelo Importante

Aqui o Baguera ganhou comida, água e carinho!


Esse aí é o Baguera, um cachorro que vive pelas ruas aqui do bairro.

Depois de muitos dias sem vê-lo, hoje ele chegou em casa assim. Totalmente desidratado, muito magro e abatido. Só pele e osso, quase sem ânimo para andar.

Para nós, que amamos bichos, foi uma cena muito triste.

Mas esta situação me alertou para algo muito importante: Durante o inverno, com o tempo seco, os animais de rua têm extrema dificuldade para encontrar água. É realmente triste, mas os índices de mortalidade de animais de rua por sede e fome é enorme durante esta época do ano.

Não vou apelar para o lado emocional, pois entendo e respeito quem não gosta de bichos. Mas quero fazer um apelo para todas as pessoas:

Se você encontrar algum animal perambulando pelo seu bairro por mais de dois ou três dias, aparentemente sem rumo, ligue para o canil municipal, um canil particular ou para o controle de zoonose da sua cidade. Existem também centenas de ONGs que recolhem bichos.

Não importa se você gosta ou não de cachorros, gatos ou quaisquer outros animais, todo mundo deveria considerar que nenhum ser vivo, nem gente nem bicho, merece passar sede ou fome!

Você não precisa dar água ou comida se não quiser ter contato com o bicho. Basta comunicar os órgãos ou entidades competentes.

Ajudar um ser vivo nestas condições não é caridade, é consciência. Ajude!

sábado, agosto 18, 2012

Guerra


Bem que as guerras podiam ser apenas uma lembrança da época das fotos em preto e branco.

O mundo não precisa mais disso.

Não há conquista que valha um único tiro, não há orgulho que valha qualquer morte.

A vítima que grita pede paz.

E as vítimas somos todos nós.

Um dia vamos perceber que a paz é muito mais bela, atual e colorida.

domingo, julho 15, 2012

Amor de Verdade


Amor de verdade não tem segredos, não tropeça nos anos e nos erros

Amor que nunca passa, não se perde, que te ajuda a levantar

 É um universo inteiro dentro de tão poucos, tudo elevado ao infinito

 Coisa de irmão, de parceiro, de amantes que nunca envelhecem

 E quando acontecer por fora serão ainda mais jovens por dentro

 É um querer tão intenso que não pede nada além de respeito

 Se chover haverá dança, se entristecer, carinho, se não for bom, apoio

 E com eles entendo como ser feliz de verdade

 Pois precisamos aprender todos os dias das nossas vidas a amar como se você nunca fosse se machucar.

quinta-feira, julho 05, 2012

Aprendendo #2



Tem que ter cabeça boa;
Para ter cabeça boa é preciso ter equilíbrio;
Para ter equilíbrio é preciso ter calma;
Para ter calma é preciso ter argumentos;
Para ter argumentos é preciso acertar;
Para acertar é preciso errar muito primeiro;
Para errar muito é preciso tentar muitas vezes;
E para tentar muitas vezes é preciso ter a humildade de aceitar os erros.

Aí então dá para ser completo nessa vida.

segunda-feira, julho 02, 2012

Aprendendo #1


Quando você olha para um relacionamento de dentro tudo parece claro e sincero. Problemas são problemas, alegrias são alegrias, amor é amor e o resto é o resto. Está tudo numa grande balança que separa o positivo do negativo, decidindo a todo tempo se vale ou não à pena.

Mas por vezes um relacionamento pode ser muito solitário. E isso acontece quando não conseguimos perceber que ele não é uma união óbvia de dois seres gêmeos, mas a união consentida de dois estranhos que, por vezes, se estranham. Se estranham, pois a união não faz de duas vidas uma só, ela existe dentro de cada indivíduo, ao lado dos problemas pessoais, profissionais, familiares e de quaisquer outra natureza, até mesmo os conjugais.

E dá para confundir estes momentos de desencontro entre você e sua própria vida com o seu relacionamento. Confundir alguém que pode te ajudar a carregar um fardo com a solução em si.

Esta confusão é comum e acaba por desgastar o mais bonito dos encontros.

É a falta de zelo pela própria individualidade, que tantas pessoas tentam compartilhar com amigos, familiares e namorados, mas que precisa ser encontrada dentro de si. Então aquela vontade de transformar o que você sonha no que você conquista acaba se perdendo dentro dos problemas que carrega.

Nessas horas, ter alguém com quem compartilhar dúvidas e soluções é ótimo. Poder contar com um grande amor, um grande amigo ou alguém com um grande coração é excelente, mas que seja para ajuda-lo a encontrar o caminho e as soluções, não a distrai-lo dos objetivos que parecem mais difíceis. Alguém para navegar junto no oceano, não para se agarrar como um náufrago a uma boia.

Sobrecarregar um relacionamento com as dúvidas pessoais é a falta de maturidade que a vida nos oferece até que estejamos realmente prontos para caminhar e assumir nossos problemas e soluções. Até lá permanece esta necessidade de procurar outra pessoa capaz de carregar os fardos contigo. Alguém que aguente mais peso quando, na verdade, você tem muito peso morto para deixar de lado, muitos problemas que é capaz de solucionar sem precisar esquecer o que realmente importa nessa vida. Sem deixar de lado amigos, amantes e amores de verdade.

Enquanto você não for capaz de ter fé em si mesmo, não puder caminhar com as próprias pernas em direção aos objetivos, nada no mundo poderá resolver toda esta solidão dos encontros, desencontros e dos amores.

Uma hora chega o equilíbrio da maturidade e o momento de encontrar alguém que fará o mesmo por você. Alguém que viva e deixe viver.
Então chega a maturidade que nos permite compreender: Não haverá no mundo um único relacionamento que dê certo se você não for capaz de dar certo com você.

terça-feira, junho 26, 2012

Aprendendo


Um dia você acorda e está tudo diferente
As coisas cinzas já se foram
As cores todas voltam aos poucos
Ressente-se apenas do que perdeu para sempre

Naquele tempo cego quando você se enganava
Sem olhar para o lado certo de todas as coisas
Nessa pressa de fazer tudo reto
De ficar velho antes de envelhecer

E um dia tudo sai debaixo da gente
Sai o chão que nos sustenta
Cai o teto que nos guarda
Então você só pode se erguer no ar

De todas as opções do espírito e do coração
Só restou reaprender a caminhar
Olhar para o lado e encontrar o que te rodeia
Daquele amor que vem de dentro e não te deixa

Perceber que vale a pena tentar outra vez
Amar outra vez
Correr para a vida como antigamente
Deixar de se perder

Sem outra chance para corrigir os velhos erros
Por que tudo nessa vida tem um preço
Mas vale a pena redescobrir com leveza
Sem nunca esquecer de amar e agradecer

quarta-feira, maio 30, 2012

Rave


Lembro-me dos dias que começavam com viagens pela madrugada. Que traziam cada indivíduo e retornavam apenas um. Dentro dos corpos fervilhantes dos quais não segurávamos os gritos de amores, amigos e amantes.

As saudades que aumentavam junto ao som da fila interminável, naquelas fazendas semeadas de pastagens e veículos. Também dos copos que se esvaziavam fugazmente entre nossas gargalhadas e a ansiedade dos sorrisos.

Lembro do gosto das entradas e saídas, dos óculos escuros, das bermudas e das bebidas. Tudo que antecedia o longo tempo entre o portal e a revista. Passávamos então pela dimensão da letargia, puxados pela forte sincronia das batidas. Sem anseios e longe da solidão proclamada, pasteurizada e entregue em todos os outros dias.

De longe vêm o cheiro e o sabor da música que cala por completo o silêncio. Aquele distanciamento de tudo que não sejam corpos, braços e abraços, do melhor lado das nossas almas gêmeas. E disso tudo nada mais parecia proibido.

O carinho dos braços e pernas que puxam, empurram. Dentro e fora do núcleo, como átomos que atraem e repelem. Como partículas minúsculas que se unem e agigantam para dar ao corpo, vida. Também do carinho dos olhos fechados, que cegam preconceitos e fachadas.

A visão das dunas concêntricas de luzes e fumaça que não cessam seu caminho entre as peles fumegantes. Repelem-se ao vento, no calor dos ritmos absorvidos, ao som das ondas que jorram daquelas caixas e nos violam os ouvidos.

E assim vivemos como únicos, como naturais, reunidos em apenas um indivíduo. Amigos transmitindo a pulsão ritmada dos sorrisos, até o momento em que a noite alcança seu destino. Eis que o astro chega cortejando toda a natureza do ambiente, sem enviar convites.

O negrume foge do azulado que se eleva e, com ele, ficam nossas almas entrelaçadas sem nós nem angústias. Vêm em câmera lenta os raios que douram e abençoam nossas faces e ombros, fazendo elevar gritos, brindes, braços e o calor, que lentamente parece relaxar e substituir os músculos exauridos pelo mais puro amor ao ritmo.

Ao baque surdo dos desejos e das batidas, que absorvem do solo a energia e não deixam cansar nada além dos males, do suor e dos sentidos. A alegria renovada pelas graças e cheiros do sol da manhã e pela proximidade dos nossos entes mais queridos.

Mais vivos do que nunca, mais vivos do que jamais pareceu possível. Ao ritmo que embarca cada momento daqueles dias, os mais unidos que podíamos ter vivido.

terça-feira, maio 15, 2012

Quadros


Os quadros são como gritos.
Seu significado está em nós, não neles.

Amor em forma de sonho



Era um amor em forma de sonho
O riso frouxo e o querer imenso
Nos dias quentes sem pendências
Nos dias frios das longas queixas

Desorientado como uma criança
Buscando os braços que alcançam e pegam
Um contudo de saudade e proteção
No calor das pernas que afastam e levam

Podia sentir a dor áspera nas têmporas
Das brigas que não dão trégua ligeira
Nenhum dos lados que estão errados
Tanto ou mais certos das suas tristezas

Não são dos lábios estas palavras
São da alma que não sossega
Na brigada de um tenente morto e esquecido
No centro de uma velha guerra

Queria mais da própria sorte
Um espaço longo entre fim e começo
Mas quem foi que disse que a sorte sorri
Para quem se perde nos próprios tropeços?

segunda-feira, abril 09, 2012

O Passado é Aqui


“O ladrão que furta para comer, não vai, nem leva ao inferno; os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são outros ladrões, de maior calibre e de mais alta esfera.

Não são só ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa: os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos.

Os outros ladrões roubam um homem: estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco: estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam. Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens viu que uma grande tropa de varas e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões, e começou a bradar: — Lá vão os ladrões grandes a enforcar os pequenos. Ditosa Grécia, que tinha tal pregador!

E mais ditosas as outras nações, se nelas não padecera a justiça as mesmas afrontas!

Quantas vezes se viu Roma ir a enforcar um ladrão, por ter furtado um carneiro, e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul, ou ditador, por ter roubado uma província. E quantos ladrões teriam enforcado estes mesmos ladrões triunfantes?

De um, chamado Seronato, disse com discreta contraposição Sidônio Apolinar: Seronato está sempre ocupado em duas coisas: em castigar furtos, e em os fazer. — Isto não era zelo de justiça, senão inveja.

Queria tirar os ladrões do mundo, para roubar ele só.”

Pe. Antônio Vieira – Sermão do Bom Ladrão, proferido em 1655.

segunda-feira, março 26, 2012

Entrevista sobre Empreendedorismo

Empreender não é uma arte nem qualquer forma de mágica.
É possível para qualquer pessoa.

Fui convidado para a entrevista abaixo pelo Gustavo Carneiro, do Blog Relações, como abertura da série "Papo Empreendedor".

Ficou muito bacana, o aúdio está excelente, e tem muitos dos conceitos que acredito sobre gestão de negócios e pessoas.



Espero que gostem! :)

Link original da entrevista: http://www.blogrelacoes.com.br/2012/03/primeira-entrevista-do-papo-empreendedor-eilor-marigo/

quinta-feira, março 08, 2012

As Decisões Femininas

   - Escrevi este texto em 2008 para um Blog sobre gestão. Apesar de meio antigo, acho estas palavras e anseios muito atuais. Então vamos comemorar este Dia Internacional da Mulher com meus parabéns e com mais um pouco de debate. Parabéns mulheres!

     Estive lendo esses dias um texto da Anna Fels, na Harvard Business Review, sobre o posicionamento das mulheres no mercado de trabalho e, por consequencia, sobre os efeitos na sua vida pessoal.

Já faz algum tempo que procuro uma forma não machista de tocar no assunto, já que por ser do sexo oposto falar sobre o isso torna-se extremamente delicado. Mas sendo este um Blog que tem como função básica ser um espaço para colocar opiniões e ser questionado, decidi fazê-lo.

O fato deste assunto ser, por si só, um tabu, me mostra que algo já começa errado. Afinal por que temos que ser cheios de dedos para discutir a atuação feminina no trabalho?

Na minha visão as empresas ganharam muito com a entrada das mulheres no mercado de trabalho e continuam a ganhar em relação a aspectos muito atuais, tais como a humanização das corporações, o desenvolvimento de novos modelos de gestão de funcionários, priorização dos aspectos humanos, dentre outros tantos benefícios.

Para mim esta nova face das corporações, com aspectos mais humanos, mais tangíveis, e sua preocupação para com o contato com os clientes representa a cara da mulher no mercado de trabalho.

Explico. Não é novidade encontrar mulheres no ambiente de trabalho, isso todos sabemos e podemos ver até mesmo nos filmes da época da vovó, onde o figurão tinha uma secretária bonitinha, com jeito de boneca. Porém a ascensão feminina aos altos cargos em empresas das mais diferentes áreas é algo relativamente recente, digamos que tenha ganhado evidência nas últimas duas ou três décadas.

Acredito que esta ascensão esteve diretamente ligada à necessidade das empresas de se tornarem mais humanas. A capacidade de conhecer as pessoas e de enxergar horizontes muito amplos nas questões de relacionamento com clientes e empregados (que inclusive se tornaram colaboradores) trouxe ao mundo focado e centralizado dos negócios masculinos a possibilidade de evoluir e alcançar maior eficiência na relação interpessoal, seja o público interno ou externo.

Foi neste momento, quando estas corporações viram que seus produtos começavam a perder espaço para concorrentes menores que ofereciam artigos personalizados ou para grandes marcas que investiram em sua imagem, que o mercado iniciou uma busca incansável por algo que parecia impossível para uma simples e repetitiva fábrica de jeans: o diferencial.

Não vou abordar os motivos dessas mudanças profundamente, já que temos tantos livros e tantos autores escrevendo sobre a Internet, a ampliação dos mercados, os investimentos multinacionais, dentre tantos outros. Mas vamos focar na entrada da mulher no mercado, o que, para mim, foi um dos fatores chave encontrado pelas empresas para acompanhar todas essas mudanças.

Não tiro o mérito feminino nisso de forma alguma, pois elas entraram no mercado pela porta da frente e assumiram cargos como diretorias, coordenadorias e quantas não se tornaram empresárias de sucesso! Mas o fato é que, não importa o sexo, estar no lugar certo e na hora certa é muito importante para quem consegue enxergar boas oportunidades e acredito que nesse ponto as mulheres escolheram o momento exato para pular de cabeça no mercado de trabalho.

As empresas estavam desesperadas e não conseguiam entender como seria possível conseguir controlar funcionários cada vez mais qualificados sem criar milícias em prol de melhores condições e maiores salários dentro de suas próprias baias, além de desenvolver estratégias de marketing para tantos públicos diferentes de uma vez, incluindo pessoas do outro lado do mundo. E foi aí que o poder organizador e multifuncional das mulheres entrou em ação, subjugando a centralização e a síntese masculina em muitas das decisões dentro das empresas.

É neste ponto que vejo a mulher como a verdadeira ponte para as empresas do século XX na verdadeira migração para o século XXI. Não como substitutas das funções dos homens, nem mesmo como concorrentes, mas como alguém que chegou para organizar este mundo todo diferente que se desenha ainda hoje perante as organizações.

Cuidar sempre foi o verbo feminino, assim como conquistar é o masculino. E não vejo como uma afronta dizer que as mulheres sabem muito bem administrar grandes mudanças, assim como faziam e ainda fazem na criação e educação das crianças, sejam elas filhos, clientes ou equipes de trabalho que fervilham de informações, questionamentos, novas opiniões, desejos e, principalmente, medo do novo.

E, para mim, este foi o marco nas mudanças deste século dentro das empresas masculinizadas, com suas visões objetivas e focadas na produtividade.

De um lado estão estas empresas que necessitam de profissionais com visão horizontal para dividir e organizar esse mundo de informações que o planeta terra se tornou. (Para entender melhor, olhe para o organograma da sua empresa hoje e compare com outro de 3 anos atrás). Do outro, as mulheres sedentas pela emancipação cultural, profissional e financeira estavam no lugar e na hora certa, com a faca e o queijo na mão! E a junção dessas duas frentes deu tão certo que elas entraram no mercado causando pavor nos homens, que no íntimo sentiam-se - ou semtem-se! - ameaçados.

Mas tudo foi uma necessidade tão natural do mercado deste século, que hoje tenho a absoluta certeza de que vamos atingir um equilíbrio óbvio entre a visão horizontal da mulher e a força vertical do homem sem maiores conflitos, não com a função de substituir um pensamento antigo, mas de acrescentar uma característica essencial a ele num momento muito oportuno.

Em contrapartida, voltando ao texto da Anna Fels, discordo em grande parte dele, pois trata-se de mais um manual que explica por “A” mais “B” que as mulheres não devem se sentir culpadas por se tornarem executivas e marginalizarem a vida pessoal, já que esta foi uma conquista de sua emancipação.

Vou colocar aqui uma passagem dele, intitulado “Falta Ambição às Mulheres?”, que gostaria de questionar: “Para serem vistas como femininas, as mulheres negam seu lado ambicioso, abrem mão do próprio reconhecimento e, pior ainda, abandonam seus sonhos”.

E quem foi que definiu que a vida feminina ou masculina agora tem que se resumir a uma reciclagem da geração yuppie, buscando satisfação profissional e o primeiro milhão acima de tudo e de todos?

Acredito sinceramente que as mulheres conquistaram algo importante no último século, que vai além do direito de escolha, da igualdade de opiniões e do respeito. As mulheres iniciaram a corrida pelo equilíbrio em relação aos homens.

Agora acredito que chegou a hora de buscar o equilíbrio entre a mulher e ela mesma: Pessoal e profissional, sem culpa e sem cobrança.

Vejo atualmente tantas mulheres se constrangendo na frente dos colegas para dizer que decidiram largar o emprego, trabalhar meio período ou abrir um pequeno negócio para ter mais tempo para a casa e para os filhos. Cheguei a presenciar um grupo de mulheres fazendo troça sobre a maternidade, dizendo que filho toma muito tempo e dá trabalho, caçoando mulheres que se dedicam ao lar. Será mesmo necessário tudo isso para mostrar que a mulher não é mais a boneca dos filmes da vovó, afinal estamos falando sobre direito de escolha, certo?

Este para mim é um dos principais conflitos, não apenas da mulher moderna, mas do casal, que reluta em acreditar que cuidar da casa é uma opção viável já que existe a opção de trabalhar exaustivamente e isso parece mais correto e digno.

Neste sentido, quando sou questionado a respeito, minha resposta é: Você deve fazer o que te deixa feliz. Se ter um filho é a realização da sua vida, o parceiro ou a parceira devem apoiar, como um casal verdadeiro deve apoiar os desejos um do outro.

Quando sou questionado sobre o assunto, afirmo que como parceiro minha função é apoiar e dar condições, seja qual for a decisão. E ainda digo que se o desejo for, por exemplo, abrir um negócio próprio para poder ter mais tempo para os filhos, ajudaria a fazê-lo com muito orgulho, da mesma forma que sentiria orgulhoso ao me relacionar com uma executiva de sucesso ou uma mãe de família.

Por acaso alguém se oporia ao parceiro se ele escolhesse dedicar mais tempo à família? Seria um tanto estranho acredito eu, não importa o sexo.

Por fim, acredito que as conquistas das mulheres foram mais um passo importante na busca pela igualdade dos sexos e que a única coisa pela qual vale a pena brigar nessa vida é pela busca de objetivos que nos tornem melhores e mais felizes.

E às mulheres, parabéns por suas conquistas que se mostram mais uma das grandes e boas revoluções da sociedade. Toda mudança faz diferença nas nossas vidas, mas as mudanças que são realmente importantes fazem a diferença também na vida das outras pessoas.

E parabéns também pelo seu dia! :)