quarta-feira, março 24, 2010

A Alegria dos Outros


Hoje recebi uma notícia que gosto muito: uma pessoa que indiquei para um trabalho ligou para me dizer que foi chamada e agradecer.

Ela trabalha comigo aqui em Brasília, temporariamente, e tem ambições e interesses muito bonitos para alguém jovem (jovem como eu!). Achei legal dar um empurrão na direção desses objetivos. Aí fiquei torcendo.

Hoje veio a notícia de que o empurrão foi, na verdade, uma ajuda bem bacana. E não é que a notícia me deixou muito contente?

Vejo muita gente que não faz esse tipo de coisa na qual acredito. Gente que pode ajudar, mas não se mexe por motivos próprios ou mesmo sem motivo aparente.

Qualquer um poderia pensar: Poxa, mas você ajudou alguém tão bom ir trabalhar em outro lugar? Não seria mais interessante continuar com a pessoa.

Sim, se fosse possível e se fosse o melhor para mim tanto quanto para ela. Mas nosso trabalho aqui é temporário e como eu tinha a oportunidade de levar nossa troca de experiências além desse trabalho, resolvi investir.

Também tenho uma crença pessoal a respeito de ajudar os outros: Se você tiver desprendimento suficiente para ajudar outras pessoas a evoluir sem um benefício em troca, terá alguém muito grato por muito tempo, um aliado.

Neste mundinho minúsculo que habitamos é muito possível que nos cruzemos novamente em outras épocas. Se isso acontecer, provavelmente esta pessoa me ajudará se for eu a precisar de ajuda. E ela se lembrará de mim se precisar de algo que eu possa oferecer, ou da minha empresa se alguém a consultar a respeito.

Num mundo tão conectado, saber ajudar os outros pode tanto trazer grandes benefícios como não trazer nenhum e ficar tudo na mesma.
Mas não ajudar alguém significa que você será esquecido, ignorado e, a longo prazo, se transformará de ignorado em ignorante.


"Colher o dia" para mim é ter compromisso com a alegria.
E lembrar que ela é uma só para todos nós!

domingo, março 21, 2010

Muitas Voltas Para Percorrer


Hoje, 23 de março de 2010, o piloto Ayrton Senna da Silva, considerado o maior piloto de Fórmula 1 de todos os tempos completaria seu 50º aniversário.

Como grande fã do automobilismo, teria muitas coisas para falar a respeito da carreira do Senna, mas tenho outro objetivo com este texto. Quero falar sobre a relação que o Senna tinha com o Brasil, com a pátria que ele tanto amava e com quem realizou algumas trocas importantes.

"O fato de ser brasileiro só me enche de orgulho." - Ayrton Senna

Senna fez muito mais durante sua carreira do que os três títulos mundiais, grandes corridas e recordes da categoria. Senna mostrou ao Brasil que nosso país podia rivalizar com o mundo, que tínhamos qualidade para vencer em qualquer meio, desde que houvesse dedicação e esforço.
Ele vencia provas e fazia questão de comemorar com o povo brasileiro.

"Se você quer ser bem sucedido, precisa ter dedicação total, buscar seu último limite e dar o melhor de si mesmo." - Ayrton Senna

Numa época onde sofríamos com um sociedade calada pelo domínio econômico internacional dos anos 70 e 80, do terror provocado por governos pós-ditadura e pelo plano Collor, quando o país possuía dívida e nenhuma auto-estima, um jovem piloto de Fórmula 1 desponta entre grandes nomes do automobilismo como Nigel Mansell, Alain Prost e Nikki Lauda. Senna mostrou ao mundo a força de que era capaz. Mostrou ao seu próprio país que a bandeira brasileira merecia o lugar mais alto do pódio tanto quanto qualquer outro.
Nosso campeão levou a bandeira do Brasil pelas pistas depois das suas vitórias. Carregava-a no carro ou pegava uma com o público, mas fazia questão de deixar bem claro de onde vinha Ayrton Senna da Silva.

"Se cheguei onde cheguei e consegui fazer tudo o que fiz, foi porque tive a oportunidade de crescer bem, num bom ambiente familiar, de viver bem, sem problemas econômicos e de ser orientado no caminho certo nos momentos decisivos de minha vida." - Ayrton Senna

Ayrton no pódio não era apenas sinônimo de alegria, mas de muito trabalho. E ele deixou isso bem claro para todos nós, fãs incondicionais do herói, durante toda sua carreira.
Ele mostrou a todos nós que o Brasil era capaz de criar pessoas vitoriosas, que tínhamos garra e coragem correndo pelas veias. Elevou nossa auto-estima muito além do futebol e do samba. Mostrou que podíamos ser líderes mesmo na categoria mais tecnológica e politicamente avançada do automobilismo mundial.
Senna dobrou grandes campeões e grandes equipes com seu talento, mesmo correndo em carros menos favorecidos. Foi o Mister Mônaco e o senhor absoluto das corridas sob chuva. Venceu com o câmbio quebrado em casa e pulou do carro para socorrer seu colega acidentado.

Fez grandes amizades e inimizades durante a carreira, mas tudo com um objetivo:

"O importante é ganhar. Tudo e sempre. Essa história que o importante é competir não passa de demagogia." - Ayrton Senna

Depois de Senna, o Brasil percebeu que competir é importante, mas vencer é o objetivo. Mesmo com condições adversas, nosso país deveria acordar e se rebelar contra a mesmice do “país de terceiro mundo”.
Senna ganhou títulos com a sua atitude vencedora e o Brasil ganhou motivos para ser cada vez maior e melhor.

Senna acordou o Brasil.

"Se você quer ser bem sucedido, precisa ter dedicação total, buscar seu último limite e dar o melhor de si." - Ayrton Senna

E foi assim que Senna viveu sua vida. Dedicou-se a ser o melhor do mundo no que fazia. Mas não apenas isto. Senna levou a bandeira do Brasil para frente. Foi o maior representante de todos os tempos do nosso lema: Ordem e Progresso.

Ayrton se esforçou, se concentrou e progrediu. Foi essa a maior lição que deixou para o povo brasileiro. Até o dia da sua morte esteve dentro de um cockpit defendendo as cores do Brasil.

E o Brasil hoje deve muito a este piloto e pessoa incrível.
Deve lembrar e defender as cores de Ayrton Senna.

Comemoração 50 anos de Ayrton Senna


Para comemorar os 50 anos de Ayrton Senna realizei um especial sobre a vida e carreira via Twitter na hashtag #TTBrSenna50Anos.

Abaixo sequência de vídeos com a carreira do nosso campeão:

1-) Senna Assina contrato com a Toleman-Hart

2-) O primeiro grande show de Senna no GP de Mônaco em 1984 com a Toleman

3-) Primeira vitória no GP de Estoril, Portugal, em 1985

4-) GP da Bélgica em 1985, na chuva, Senna domina a prova

5-) GP da Hungria 1986 uma das mais bonitas ultrapassagens da F1

6-) Senna vs Mansell na chegada mais apertada da hostória da F1 na Espanha 1986, GP de Barcelona

7-) GP da Hungria de 1987 Senna segura a corrida toda atrás dele

8-) Primeiro título de campeão de Senna em 1988

9-) Prost bate em Senna em 1989 pelo campeonato, Senna dá o troco em 1990

10-) GP de Mônaco 1991 - Melhores momentos

11-) Em 1991, em Silverstone, Senna pega uma carona com Mansel

12-) Senna GP Brasil 1991 - Apenas 1ª e 6ª marchas - Primeira votória em Interlagos
13-) Comemoração com Senna vibrando no cockpit

14-) Tricampeonato de Senna no GP do Japão em 1991 e amizade de Senna e Berger

15-) Senna ajuda colega Eric Comas na Belgica em 1992
16-) Senna ajuda colega Eric Comas na Belgica em 1992 (onboard)

17-) GP da Europa 1993, melhor volta de todos os tempos

18-) Apoteose de Senna no GP do Brasil 1993, comemoração do público

19-) Em 1994 Senna estréia na Williams e narra sua própria volta no GP do Brasil

20-) Homenagens à carreira de Ayrton Senna

Este vídeo do programa Top Gear foi a melhor homenagem que já vi ao ídolo:
Vídeo Top Gear - parte 1
Vídeo Top Gear - parte 2

sábado, março 20, 2010

Laços


É muito comum nesses tempos de Internet e corriqueira interação social vermos pessoas falando sobre amizade, relacionamento, camaradagem, coleguismo, etc. ou simplesmente ignorando-os.

Assim como afirma o autor polonês Zygmunt Bauman em seus livros “Amor Líquido” e “Modernidade Líquida”, as pessoas tratam seus relacionamentos de forma flexível e superficial, o que torna a sociedade muito mais insegura.

Antigamente nossas redes de relacionamentos tinham de ser tecidas e cultivadas com muito cuidado. Exigiam manutenção para não quebrar em pontos importantes.
Hoje as redes assumem a mesma fragilidade daquelas por onde nos comunicamos. Utilizar o computador, e-mail, MSN, chats para conversas curtas e de pouca relevância é viável, porém já têm gente levando para estes meios os relacionamentos realmente importantes, utilizando-se das mídias para cultivar e dar manutenção aos relacionamentos maduros.

Gente que vem confundindo amizade com coleguismo, paixão com tesão e declaração de amor com emoticons bonitinhos.

Vejo gente que simplesmente trocou os programas com os amigos, a convivência real, pela virtual. Pessoas que criam e quebram laços a esmo por acreditar que ninguém é insubstituível num mundo tão gigantesco e inexplorado como a Internet. Tudo é tão facilmente descartado pressionando a tecla delete. Simples assim.

As pessoas são únicas e insubstituíveis. Ou você acredita ser substituível também?

Vejo tanta corrupção e violência passando bem em frente aos nossos olhos e ninguém faz nada. Culpa dos laços frágeis, que tornaram nossa insegurança maior e nos fizeram acreditar que não podemos contrariar o errado, contrariar o que todos acreditam e engolem. A inércia humana ficou muito maior com o aumento do volume das nossas redes de relacionamento, onde pessoas entram e saem, são conquistadas e trocadas sem precisar de muitas explicações.

Se as pessoas são passageiras, os problemas também o são. Por que então perder tempo resolvendo-os? Deixe que outros o façam.

Pessoas passageiras,
Problemas passageiros,
Vidas passageiras.

Quem acredita que o mundo é muito grande que não se engane. Ele é minúsculo e dá muitas voltas.

quinta-feira, março 18, 2010

A Volta da Manifestação Popular


Que me desculpe quem não acredita na Internet como um excelente meio para dar voz ao povo. O que vejo todos os dias, durante madrugadas de conversas longas no Twitter com @altasaventuras, @Luarakaki, @Andrea__Gomes, @renatoaloi e @jatenteidetudo, nos debates promovidos pelo @Twiticos, @Ativistas e equipe, além das aulas pelo tweet do @PVcampos10 e da assessoria e amizade da querida @LeilaOliva são pura e simplesmente conversas da melhor qualidade, que enaltecem a credibilidade das informações na Internet.

Não é um local para se defender teses ou tratar como uma publicação onde pode-se confiar nas informações. Até por que hoje é difícil confiar sem questionar as informações das mais diversas mídias. Mas um lugar onde o debate se inicia, expande para o mundo, idéias e opiniões ganham proporções incríveis e se concluem como em qualquer conversa entre amigos: Todos concordam, ou cada um pensando a respeito individualmente. Exatamente como deve ser.

Já discuti sobre drogas, assédio, educação, política, comunicação, enfim, sobre todo um mundo complexo de assuntos tão importantes, que antigamente só abordava em rodas com os amigos. Alguns deles apenas em rodas com amigos mais íntimos.

Isso torna, sim, a Internet num ambiente cada vez mais rico, onde se pode realizar pesquisas sérias e buscar novas alternativas para o nosso futuro, tal como o SuperPower Nation Day da BBC Mundial, buscando meios para acabar com mais uma fronteira: As diferentes línguas.

Ou ainda tantas palestras e vídeos de grandes nomes falando sobre assuntos do nosso interesse. Que além de estarem disponíveis, são diariamente divulgados.

Talvez até cruzar com gênios das mais diferentes áreas colocando informações para lá de importantes à todos nós, pessoas comuns, que ainda podem ser questionadas. Ou então Seth Godin questionando os caminhos da própria evolução da comunicação humana no seu Blog, com atualizações diárias?

E o mais bonito de tudo para mim é ver a manifestação popular! O povo debatendo com políticos, artistas e cientistas sobre sua própria área de especialização ou assuntos dos mais diversos. Pessoas engajadas em ações sociais ou indignadas com crimes hediondos e expondo as opiniões que jornais e televisões calavam anteriormente.

Para mim, isso é o mais bonito da Internet: Voltamos a ter voz, tal qual numa polis grega.

E alguém ainda vai me dizer que isso não é incrível?
Tiro meu avatar para quem me convencer disso.

quarta-feira, março 10, 2010

Liberar ou Não? Eis a questão!


Hoje comentei um post sobre a liberação das drogas no Blog do colega Renato Aloi. Achei os dois pontos de vista tão interessates que resolvi colocar aqui um link para o post do Blog dele:

Acesse o Blog do Renato.

E o comentário, que traz minha opinião sobre "Liberação das drogas: Sim ou não?!", para que meus leitores tivessem também acesso à ambas opiniões e argumentos desse assunto tão polêmico e importante. Sugiro antes que leiam o texto do Renato.

Eis a minha opinião:

Olá Renato, tudo bom?

Achei o seu texto muito claro e os seus pontos de vista bastante esclarecidos sim. Mas vou colocar a minha opinião, que é o outro lado da moeda. Espero ser tão claro quanto você foi!

Em primeiro lugar, vejo que este assunto ainda é tratado com tabu mesmo e que, enquanto assim for, continuará dificil nos movimentarmos para qualquer lado! Mas vamos incentivar debates como este.

Não sou usuário de drogas nem fui em tempo algum. Mas sempre frequentei raves, faculdade, festas, baladas e posso dizer que pelo menos 50% dos meus amigos mais próximos utilizam ou já utilizaram drogas. inclusive já passei maus bocados por causa disso! Rs!

Mas o fato para mim é que quando falamos em drogas não falamos apenas do problema do tráfico ou da perversão que os criminosos fazem disso. Falamos também de saúde, de problemas com vício e com as atitudes das pessoas.

Assim como o álcool, que consumo (então não posso dizer que absolutamente não uso drogas), as drogas causam dependência. Sabemos ainda que algumas delas causam dependência muito pior que o álcool e que não se restringem a quem consome diariamente, cada droga age de uma forma. Isso se torna um problema sério de saúde pública, na minha visão, e tende a se tornar uma epidemia, assim como a AIDS, por exemplo, no caso da liberação.

Além disso, sabemos que as drogas causam diferentes alterações nas pessoas. Uma pessoa drogada pode provocar um acidente de trânsito catastrófico tanto quando uma alcoolizada. Imagina então como não seriam nossos carnavais? Temo neste sentido também.

Outro ponto que coloco é que já estive com pessoas de todos os tipos, drogadas de todas as formas. Posso dizer que já vi pessoas se tornarem sentimentais, elétricas, surtadas, famintas, apagadas, neuróticas mas, MUITAS vezes vi pessoas ficarem extremamente violentas. Esse é um problema real das drogas, a reação pode ser qualquer uma e já vi cenas de violência que sinceramente não gostaria de ver novamente.

Quanto ao tráfico, não acho que liberação seja a solução para isso também. Você só vai baixar o preço, mas o tráfico não acabará. Até por que você pode comprar CDs e DVDs também nas lojas, mas em qualquer esquina há um camelô vendendo MUITO mais barato. As drogas processadas pela indústria também seriam mais caras, taxadas e sobretaxadas... a indústria das drogas faria parte da economia e, com isso, o tráfico continuaria rei, abastecendo toda a rede criminosa, exatamente como acontece hoje. Talvez até pior, pois o acesso seria muito mais fácil ao público e a venda facilitada ao bandido, que teria camelôs de drogas futuramente...

Resumindo a minha opinião, a liberação das drogas não resolveria o problema pincipal a ser combatido, o tráfico, e ainda aumentaria muito os problemas da violência, dos abusos, do perigo no trânsito, de saúde pública e do vício, que poderia ainda se tornar uma pandemia.

Bom, estes são meus pontos de vista principais. Claro que é difícil chegar hoje aos "finalmentes" deste debate por culpa do medo que as pessoas têm de discutir isso, mas aqui está a minha opinião.

Muito obrigado e continuemos com bons papos como este!

domingo, março 07, 2010

As Regras do Mundo


Existe no mundo uma série de regras para ser feliz.

Se você é feio deve se arrumar.
Se for gordo deve emagrecer.
Se for muito magro é bom ficar forte.
Se for jovem é bom amadurecer.

Quando estiver triste divirta-se.
Quando estiver alegre não seja bobo.
Quando for solteiro tenha juízo.
Quando estiver acompanhado mais juízo ainda.

Ao ficar velho rejuvenesça.
Ao ganhar um filho tenha responsabilidade.
Ao cortar o cabelo tenha bom senso.
Ao comprar uma roupa tenha bom gosto.

Para ser mais que os outros, dinheiro.
Para ser ouvido pense como todos.
Para correr menos risco não exagere.
Para ser feliz de verdade seja reconhecido.

São inúmeros conselhos, verdades e regras que precisam ser cumpridas para se sentir bem consigo e ficar bem com os outros. Respeitar os padrões da moda, do sucesso, da beleza traz às pessoas uma felicidade sem igual.
É por isso que milionários não se divorciam ou suicidam, que atrizes e atores maravilhosos não apelam para as drogas ou para bebidas e executivos de sucesso nunca estão sozinhos quando deixam sua vida social de lado para ganhar dinheiro.

Neste mundo ideal onde o bonito é um padrão, o chique é o melhor e a beleza é ser uma boneca, não há quem possa ser triste. Todos são perfeitos e tudo seria melhor se as pessoas respeitassem as regras, não?

Se você não concorda com isso, tudo bem. Afinal no mundo ideal também devemos respeitar a opinião dos outros, desde que sejam iguais às nossas próprias opiniões.

Mas na nossa realidade, onde nada é perfeito, onde as pessoas não se realizam e não se contentam com o que tem, sigo uma regra que ninguém costuma comentar:

Para ser feliz apenas seja você mesmo. Seja como for.

Melhores Filhos Para o Nosso Mundo


Vira e mexe paro para observar as pessoas. Seja numa padaria, num restaurante ou num parque, gosto de observar como as pessoas reagem e interagem umas com as outras. Pode ser alguém que esteja comigo ou alguém sentado num banco do outro lado de um gramado. Eu observo mesmo.

E foi pensando nisso que resolvi escrever sobre um assunto que parece que a nossa querida sociedade morre de medo de tocar: Por que estamos tão desconectados com outras pessoas?
Isso mesmo. Parece estranho mas não é...

Quantas vezes já não observei pessoas que sentam na mesa de um restaurante e as únicas palavras que dirigem ao garçom são “Coca-Cola” e “A conta”. Olhar nos olhos da pessoa ou agradecer então, nem pensar.

Pessoas que almoçam com você, não por amizade, mas por que é a única pessoa disponível no escritório e você quis ser gentil ao chamar pensando em não deixá-la sozinha e a pessoa passa o almoço inteiro ao telefone.

Gente que senta no metrô e fecha a cara torcendo para que ninguém venha falar com ela, afinal, nada pior do que gente que puxa papo no metrô.

Mas e qual é o objetivo disso? Para mim é uma coisa muito ligada à educação, mas que não questionamos por que mamãe ensinou que não se deve falar com estranhos. Por que papai pedia a conta e assinava o cheque naquela capinha do restaurante e, ao sair da mesa, deixava-o lá com uma gorjeta para o garçom, sem falar palavra com ninguém.

Nosso mundo de panelinhas forma pessoas que não se permitem comunicar. Pessoas que não falam com ninguém que não tenha interesses semelhantes. Conversar com um total estranho, então, é dar trela para quem não deve.

Concordo que cuidados devem ser tomados, mas penso um pouco diferente sobre isto. Não divido o mundo entre pessoas que estão nele para compartilhá-lo comigo e quem está aqui para me servir. Acho isso um pensamento estreito e antigo.

Relaciono a isto a percepção que temos de que tudo está se esgotando. Ninguém mais acredita na política, ninguém mais concorda e se desculpa com os outros quando faz uma besteira no trânsito, ninguém mais olha para ninguém para não ser acusado de promíscuo. Gente que conversa com todo mundo está errado por que não é certo se mostrar tanto assim. Então o que está certo? Viver numa concha e ser puro?

Acho tudo isso uma grande bobagem. Num mundo onde a tecnologia está cada vez melhor e mais rápida, onde as pessoas se conectam de forma imediata estejam onde estiverem, não vejo como sobreviver uma atitude mesquinha com esta.

Vejo como profissionais de muito sucesso no futuro aqueles que conseguirem não apenas falar, mas escutar todas as pessoas. Seria interessante eu dizer “desde o porteiro do prédio até o seu chefe”, por que isso é um exemplo claro: O porteiro do prédio está fazendo seu trabalho, o seu diretor também, mas o que torna um menor e outro maior?

Respondo: É essa mania que temos de colocar uma baliza entre pessoas que são “mais do que nós” (onde queremos chegar) e pessoas que são “menos que nós” (para onde não devemos olhar) e, entre as “pessoas iguais a nós” (com quem nivelamos idéias) estão nossos amigos e parentes. Isso cria pessoas infelizes, que não sabem se posicionar por que não conseguem definir qual é o seu status na sociedade.

Temos um mundo tecnologicamente conectado e avançado, porém socialmente estratificado e ultrapassado.

Grandes pensadores, grandes heróis, grandes empresários e grandes porteiros só conseguem encontrar sucesso quando se comunicam, ou seja, escutam e falam com pessoas de todos os tipos. Reconhecem as idéias dos outros. Esta simples regra resolveria, por exemplo, o problema das empresas que prestam serviços ruins e criam problemas que não conseguimos resolver por que uma central telefônica está lá para nos ajudar, não alguém que nos ouça e compreenda nossos problemas. Em plena era digital ainda não se conversa com o cliente. Isto é um absurdo.

Por não saber como falar com as pessoas também deixamos de saber ouvir. É quando sentamos para solucionar um problema e percebemos que a solução criada com muito trabalho não atende quem deveria atender. Neste caso houve um erro muito simples: Não foi permitido a quem sofre com o problema falar com quem deveria resolvê-lo, porque não havia ninguém para ouvir.

Por todos estes motivos mamães e papais, vamos jogar fora alguns conceitos que já não servem mais para os nossos filhos. Vamos substituí-los não apenas pela consciência ambiental, mas também pela consciência social.

Permitam e estimulem seus filhos para que se descubram parte da sociedade. Para que olhem os outros nos olhos com um sorriso receptivo e não se escondam das pessoas por que elas são estranhas, desconhecidas. Dê muito carinho e esteja junto em seu aprendizado, mas permita que outras pessoas também o façam.

Não há mais como manter nossos filhos distantes do que é ruim. Hoje qualquer um tem contato com as drogas, com a violência, com a corrupção. Mas é possível prepará-lo para ser alguém seguro, que saiba reconhecer outras pessoas e entender o que é bom e o que não é para si. Pelo menos dessa forma eles terão a chance de optar pelo certo.

Crie seus filhos com regras e a sociedade o ajudará a quebrá-las. Crie seus filhos com princípios e terão a chance de escolher com segurança seus próprios caminhos.

Acredito que uma sociedade tão evoluída tecnicamente precisa mais do que nunca de pessoas socialmente evoluídas. Em breve não existirá mais lugar no mundo para quem não souber falar com outras pessoas. Para quem não conseguir brincar durante um almoço no jóquei clube tanto quanto numa roda de samba sem estar deslocado do seu mundo pequeno.

Sucesso é saber se comunicar. É isso que nós buscamos uns nos outros: afinidades.

Para ter assunto com as pessoas, para entende-las sem a necessidade de um dicionário, é preciso estar em contato com elas. E para que não te desvirtuem, é preciso ter princípios sólidos.

Nossa geração está engajada em deixar um mundo melhor para os nossos filhos, mas qual será o próximo passo?
Deixar melhores filhos para o nosso mundo.

sábado, março 06, 2010

Tem Um Mundo Todo Lá Fora


Tem um mundo todo lá fora
Aquecendo um coração partido
Tem um mundo todo lá fora
Para ouvir o seu grito

Tem um mundo todo lá fora
Que espera e torce por você
Tem um mundo todo lá fora
Subestimando a sua capacidade

Tem um mundo todo lá fora
Que agita bandeiras e faz guerras
Tem um mundo todo lá fora
Que pede ajuda para quem tiver alma

Tem um mundo todo lá fora
Buscando mão de obra para o trabalho
Tem um mundo todo lá fora
Que deseja saciar a sede e a fome

Tem um mundo todo lá fora
Que fica vazio quando chove
Tem um mundo todo lá fora
Que destrói aos poucos cada um de nós

Tem um mundo todo lá fora
Subindo e descendo nos elevadores
Tem um mundo todo lá fora
Dirigindo num trânsito caótico

Tem um mundo todo lá fora
Que tem um mundo dentro de si
Tem um mundo todo lá fora
Que precisa de alguém para escutá-lo

Tem um mundo todo lá fora
Que se chama filosofia
Tem um mundo todo lá fora
Que cobra pouco e muito ao mesmo tempo

Tem um mundo todo lá fora
Esperando dentro de você

Vai e busca o teu mundo
Mas busca lá no fundo do abismo
Pois dentro tem muito mais luz
Que o mundo todo lá fora

sexta-feira, março 05, 2010

Eu, Todos Mesmo e... Mim


Hoje cheguei ao hotel cansado dessa semana de trabalho, de jornada dupla. Sentia nos ossos este cansaço, sabe como é?

Estou viajando a trabalho, sozinho. Trancado num hotel o tempo todo em que não estou no escritório provisório, mas sempre fazendo jornada dupla.

Não tenho muita vontade de sair para conhecer lugares por que sinto muita falta da minha namorada. Não quero bandear por aí para conhecer mais nada por que não é a primeira vez que venho à Brasília, é a quarta.

Então saí para correr hoje. Essa é uma técnica que uso para dormir bem quando estou entediado ou tão cansado que não consigo pegar no sono. Aquele cansaço que precisa só de mais uma gota para se tornar uma noite deliciosa. Peguei um ônibus e fui para um parque ótimo para correr que tem por aqui.

Caminhei e corri quase três horas. Me esgotei. Me entreguei fisicamente ao exercício e decidi voltar andando para o hotel. A noite está gostosa e acho bacana passear, meio devagar, olhando o movimento dos bares à beira da calçada, cheios de gente bacana confraternizando.

Senti uma alegria contagiante. Coisa que sempre sinto depois de praticar algum esporte que me esgote. Senti como se o tempo tivesse dado uma parada ali. Uma parada para eu observar o mundo um pouquinho.

Pode até ser bobagem, mas às vezes sinto que a vida bate na minha porta e diz: “Ei, você ai de camiseta preta! Faz o favor de olhar para os lados de vez em quando?!”

São momentos raros, tal como este, quando a saudade dos outros diminui um pouco por que encontro comigo mesmo, que proporcionam um bem muito valioso.

Momentos quando deixo de me pendurar num computador ou num livro e saio comigo mesmo, só para observar o mundo.

Parece que todos em volta são pinturas únicas, cheias de vida. Todas as informações do computador, do livro, das músicas e dos textos se combinam e fazem sentido numa beleza que se encontra quando nos permitimos enxergar a nossa alma. Uns chamam de filosofia, outros de poesia, enfim...

Aí sinto um bocado de amor. Amor por mim. Pelo suor que pinga depois de uma corrida. Pela respiração forçada para recuperar o fôlego. Pelas pessoas que passam sorrindo e se divertindo, e assim vai...

Sou eu dizendo: “Ei vida, eu te vi sim! E estarei aqui para contar sua história nos mínimos detalhes.”


-- Para acompanhar este texto eu ai sugerir vinho ou Coca-Cola. Mas uma amiga pensou na música "Time Of Your Life" do Green day e achei uma boa pedida também!