terça-feira, dezembro 29, 2009

Felicidade para todos os dias!

Fiz um pequeno levantamento a respeito dos sentimentos do final do ano.


Perguntei a um grupo considerável de pessoas: “Para você o final do ano é uma época alegre ou melancólica?”

Fiquei bastante surpreso ao constatar que quase 75% das pessoas consideram o final do ano uma época bastante melancólica.

Ou seja, as pessoas enfeitam suas casas com lâmpadas e árvores, saímos em grupos para comprar presentes para nossos queridos familiares e amigos, nos encontramos com o pessoal do trabalho num ambiente tão menos hostil que as empresas para fazer os famosos amigos secretos, etc. e ainda consideramos o final do ano uma época melancólica!

E por que raios o resultado do meu levantamento apontou que quase 75% das pessoas consideram o final do ano uma data melancólica e não alegre?


Então fui conversar com um terapeuta a respeito e ele me deu uma resposta simples e direta:

- Não o Natal em si, mas o final do ano é um marco de conclusão, é o fim de mais um ciclo. Por isso é também, em geral, um período onde olhamos para nós mesmos.


Ele tem razão.


O final de ano representa para as pessoas um fim. O fim de mais um ciclo de trabalho e convivência, ou seja, consciente ou inconscientemente fazemos um balanço comparativo entre este ano e os anteriores, pensando como serão, então, os próximos.


Realizamos uma ceia para provarmos a nós mesmos que tivemos a capacidade de colocar comida na mesa, presenteamos nossos entes queridos e enviamos cartões para provarmos que não nos esquecemos de ninguém, preparamos nossas roupas brancas e compramos espumantes para garantir que a sorte esteja do nosso lado no momento da virada.


E, note, o momento chama-se VIRADA do ano.


Esse é o ponto. Encaramos não apenas um reinício com a virada do ano, ou mais um Natal, mas MAIS um reinício!


É aí que separo os 75% dos melancólicos agonizantes dos 25% de felizes proprietários do espírito do Natal.


Quem é você nessa estatística?


Você faz parte dos 75% que deixam para pensar em si no final do ano e avaliar os resultados ou parte dos felizes 25% que passam o ano observando e mudando, aqui e ali, o que o incomoda em você mesmo?


Você faz parte dos 75% que escrevem cartões compulsivamente para os amigos com a agenda a tiracolo para não esquecer de ninguém ou faz parte dos 25% que ligam para os amigos sempre que podem, chamam para conversar quando precisam e atendem aos convites para festas e reuniões?


Você faz parte dos 75% que preparam uma ceia para reunir a família que quase nunca está junta ou faz parte dos 25% que sabem que, no final, a família não é um grupo formado por laços de sangue, mas por relações de carinho e compreensão. Você sabe de quantas famílias você faz parte todos os dias, na verdade?


Você faz parte dos 75% que deixam para comprar um presente caríssimo para cada amigo, parente, vizinho e colega no final do ano, ou faz parte dos 25% que presenteiam todos com tolerância, respeito, bondade, bom humor e lembranças durante todos os dias do ano?


E aí, o que eu desejo para você?


Que em 2010 o ano todo seja um grande presente, com muitas ceias com a família, amigos e colegas, que as realizações venham todos os dias, que o amor seja a peça chave da sua vida e não apenas das comemorações do final do ano!


Em 2010, espero que você e eu sejamos mais um braço para girar esta roda e reverter as estatísticas, provando que todos nós precisamos de uma festa da virada... todos os dias das nossas vidas!


Boas festas a todos os amigos e leitores que acompanham o Colhendo Bons
Ventos durante sua caminhada por anos cada vez mais felizes!


E muito obrigado!

domingo, dezembro 27, 2009

Oi Ni,

Não sou modesto ao dizer que sei escrever, mas escrever sobre você é difícil, pois existem poucas palavras com força suficiente para explicar o quanto você é importante para mim.

É bom contar, sem dúvida, com uma pessoa tão importante como você, que amo muito e que sempre tenho comigo onde quer que esteja nos últimos oito anos.

E é um nome desses oito anos de amizade que te digo com todas as forças que não existe ninguém nesse mundo em quem eu confie mais e que seja tão companheira quanto você. Uma garota ótima, linda, que sempre me diverte, conforta e apóia nos bons e nos maus momentos. Espero retribuir um décimo do que você representa para mim.

Te amo muito, gatona, e não deixo de dizer isso para quem quiser ouvir.

Do seu amigo que está sempre aqui,

Bato

(Hoje, 27/12, Eu e Ni completamos 1 ano de namoro. Tentei imaginar o que o Bato (amigo da Ni) diria a respeito dela depois de 8 anos de amizade. Está tudo aí e continua verdadeira a vontade de estarmos juntos... Sempre, como sempre foi. Parabéns para nós, amor!)

segunda-feira, dezembro 21, 2009

"Eco no Lixo"

Hoje fui até a chácara de um vizinho aqui do bairro, que vem organizando umas boas festinhas, para fazer uma pergunta muito simples:

"Quem vai recolher o lixo que está aqui na rua?"

Pelo que parece ele tem realizado algumas pvts (Raves pequenas) com certa organização, segurança na porta e tendas.

Nada contra! Gosto muito e já freqüentei Raves pra valer, com muita música, bebidas e drogas, que não uso por opção, mas sempre estão por lá. Até aqui o quadro é normal e até fiquei com vontade de dar um pulo para “ver de perto” a festa quando tivesse outra, porém ontem passei lá na frente com a minha namorada e percebi que havia muitos carros estacionados na estrada em frente a casa. Perto dos carros, lógico, havia muito lixo como garrafas, copos, latinhas de cerveja e energéticos, etc.

E imaginem se fiquei surpreso ao passar por lá hoje e observar grandes sacos na lixeira da chácara, porém todo aquele lixo da rua ainda no chão. Claro que não.
Há uma aura de impunidade que paira sobre as pessoas em relação às suas responsabilidades com o próximo, disso já sabemos. Porém acho muito curioso ver gente que não é ignorante, do contrário a chácara também estaria toda emporcalhada, que possui o hábito de cuidar bem da sua casa, mas não se preocupa com nada que esteja além da soleira de suas portas.

Me aproximei do portão, bati palmas e, logo depois dos cachorros, surgiu um senhor com cara de curioso que veio lentamente na minha direção. O caseiro:

- Pois não.
- Boa tarde, senhor. Tudo bom?
- Tudo... – Ele respondeu ainda caminhando na minha direção, cheio de dúvidas.
- Por favor, eu gostaria de saber quem é o responsável pelas festas – disse apontando para uma das tendas semi-desmontadas perto do portão.
- É “a” responsável, a moça que promove as festas. Eu trabalho com a avó dela.
- Entendo. E o senhor poderia chamá-la, por favor?
- Ela não está. Eu não trabalho com ela, trabalho com a avó. Por quê?
- Gostaria de saber quem vai recolher o lixo que está aqui na estrada. Tem garrafas, copos, latas... – afirmei apontando agora para a rua suja.
- O senhor vai ter que falar com ela... Chega à noite.
- Ok. Obrigado. Volto a procurá-la então.

O lixo, que já é uma das frentes de estudo da economia – que particularmente chamo de “Econolixo” quando estudo o próprio como fator de impacto ambiental – ainda não é considerado pelas pessoas um fator importante na busca pela qualidade de vida. Ele não só entope bueiros e suja reservas ambientais, como temos aqui no meu sitio, na Serra do Japi, mas também vulgariza a paisagem e nos remete ao mundo animal da forma mais concreta possível. Quem não fica enojado ou se sente descontente com a humanidade quando vê alguém jogando lixo pela janela do carro? Sinto-me péssimo só de ver!

É incrível como as pessoas, por mais ricas e poderosas que sejam, não entendem que atitudes como esta deixarão uma dívida enorme para seus filhos pagarem ao planeta, e que será cobrada duramente.

Não falo em nome do “ecochatismo” ou coisa parecida, pois não concordo com extremos de forma alguma. Apenas não jogo lixo no chão pura e simplesmente pela educação que foi-me dada.

E é com a mesma educação e cordialidade com que pedirei à moça para recolher seu lixo do espaço público que peço para todos nós:

Não é necessário recolher o lixo alheio. Mas, por favor, recolha sempre o seu.

domingo, dezembro 20, 2009

“Faça-se hoje,

[Existem momentos em nossas vidas onde as coisas perdem a forma, assumem apenas uma silhueta.
São momentos em que as alegrias surgem como manchas aquareladas e divertidas pela tela disforme do tempo. Olhar para essas manchas é um intervalo de graça diante do abismo profundo que se abre quando olhamos para dentro de nós mesmos.
Nestas ocasiões não há pessoa que possa segurar sua mão ou jogar uma corda, são momentos onde a capacidade de estar apenas em sua própria companhia coloca a prova a elasticidade da alma.
Surgem os becos onde a escuridão impregna e se alastra para fora, tal qual um animal encurralado, que vê no ataque toda a chance de sobrevivência.

Conforme avança, afasta. Essa é a característica dos tempos de escuridão.

Buracos onde caímos esperando por braços fortes que também estão esticados dentro de seus próprios buracos, esperando por braços fortes.

E a alma egoísta do seu humano é capaz de coisas incríveis, já que aprendeu na escola da vida que solidão é fazer algo pelas pessoas esperando por qualquer tipo de retorno.]

garanta-se amanhã.”

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Determinismo Revisado

Acorda tarde demais, ainda antes do sol nascer, e esquenta a água para fazer o café forte.
Acorda cedo demais com o barulho dos carros e corre para acordar os filhos para a escola.

Toma café da manhã sozinho, monta na pick-up mastigando uma maçã e sai.
Toma café da manhã na cozinha, derruba pasta de dente na gravata e sai.

Uma vez por semana salta do carro para içar o galho de árvore que interrompe a estrada e lhe corta as mãos.
Duas horas por dia de trânsito para chegar ao trabalho, sem hora para voltar pra casa ou almoçar com os colegas.

Abre a porta de ferro e varre a poeira com a vassoura de palha, tira o pó dos cantos e das prateleiras, separando as folhas de fumo dos sacos de ração para animais.
Abre a porta de vidro e acena para a secretária, enquanto espalha os papéis sobre a mesa e limpa a sujeira do teclado do computador.

Abre discurso com o encarregado para organizar as vendas do dias, depois sobe as escadas do sótão com a calculadora numa mão e o bloco de notas na outra.
Abre a palestra do superior com dezenas de planilhas, depois sobe as escadas do prédio para pegar as assinaturas que faltam para o projeto.

Não são nem dez horas quando o advogado bate à porta. Ouve quieto sobre os problemas da hipoteca, em seguida o encarregado pede demissão.
Não são nem quatro horas quando desce pelas escadas com os braços ao lado do corpo e o ombro caído sem nenhuma aprovação.

Às quatro ele coloca a placa de “contrata-se” na entrada do armazém e desce a porta.
Às sete ele busca as crianças na escola e segue pra casa com o rádio falando notícias.

Explica para a mulher compreensiva o acontecido, que lhe faz um agrado antes de jantarem juntos na pequena mesa que divide a sala de jantar da cozinha.
Ignora a mulher quando entra em casa, desce para a luxuosa sala de estar com o whisky na mão.

Senta-se na cadeira de madeira da varanda esfregando as pernas sob o sol do fim de tarde que alegra e doura o verde esperança das montanhas e o sorriso de verão.
No sofá da sala, em frente à televisão sente o azedume da camisa e o torpor da bebida enquanto se martiriza pela falta que lhe faz o tempo de criança.

Não vemos o mundo do jeito que ele é, nós o vemos como somos.