sábado, setembro 19, 2009

Ontem fui ao teatro

Saí do trabalho, busquei minha namorada no dela e fomos para o prédio da FIESP, na Avenida Paulista, assistir “Estória de Muitos Amores”. Uma boa idéia que ela deu para a nossa sexta-feira.
Boa peça, com elenco extremamente dedicado, boa direção e produção simples, mas bem feita.
Gostei muito sim, mas a cada vez que vou ao teatro fico com a sensação de que deveria fazer mais isso.
Teatro é a arte com vida, gesto, som e imagem, que conversa de verdade com você. Não apenas a conversa lógica, mas também com as verdades do coração.
Peças teatrais são, para mim, uma forma de aglomeração cultural. São escritas, lidas, discutidas, contadas e encenadas. Não há nada mais completo do que esta forma de arte. Nada mais histórico e popular.
Não há no mundo maior exemplo de cultura e documentação artística.
Mas por que se perde e perde-se, dia a dia, a arte do teatro?
Por que será que substituímos algo tão completo por frações?
Como se dá a vocação da sociedade em, por vezes, subestimar sua cultura?
Como sempre digo, a arte é a casa da verdade. Por vezes de forma abstrata mas, ainda assim, verdade. E não se deve marginalizar a verdade.
Vá ao teatro.

segunda-feira, setembro 14, 2009

Re-cordis

Descobri que existem amores já faz tempo.
Surgiram grandes ou pequenos
Sólidos ou líquidos
E com sintomas de vento

Me fizeram palavras e serpentes
Sussurraram em meu ouvindo
Um leva-e-traz mágico
Indo e vindo de sentimentos

Hoje tenho mais do que muitos amores
Pois já existe desde sempre
O coração cheio de um amor
Que é tão eterno quanto o tempo

domingo, setembro 13, 2009

Texto tirado de um sonho

Estávamos sentados no sofá da sala quando perguntei finalmente:
- Você quer casar comigo?
O silêncio durou alguns segundos antes dela começar a se encolher, aos poucos, no encosto do sofá.
- Não. Não agora.
E, antes que ela pudesse colocar minhas mãos entre as suas me levantei e apanhei um atlas geográfico na estante.
Abri um mapa qualquer e procurei alguma coisa. Percorri todo o papel com silêncio e insistência. Retive-me momentaneamente na rosa dos ventos.
Era uma geografia toda nova para mim.
Fechei o livro e recoloquei-o na estante, num lugar diferente de onde costumava ficar.
Durante todo o tempo ela tentava me olhar nos olhos, mas não tinha uma resposta muito diferente da que eu havia recebido há pouco.
Sentei-me novamente no sofá, com os braços sobre as pernas e as mãos enfiadas nos joelhos.
Podia ver as lágrimas escorrendo de seus olhos e salpicando o estofamento com um tuc-tuc, característico.
Esperei mais algum tempo até sentir seu rosto molhado encostar-se ao meu, seco.
Ficamos alguns minutos ali, parados com as testas encostadas e com seus dedos semi-esticados, tentando tocar os meus, sem sucesso. Sem o menor tato.
Levantei-me e fui me deitar.
O mais engraçado é que nos dias seguintes não sentia rancor. Não quer dizer que não nos casamos depois, ou mesmo que viemos a casar.
Tinha apenas um atlas fora de lugar.

*Texto baseado num sonho que tive ontem à noite.