terça-feira, dezembro 29, 2009

Felicidade para todos os dias!

Fiz um pequeno levantamento a respeito dos sentimentos do final do ano.


Perguntei a um grupo considerável de pessoas: “Para você o final do ano é uma época alegre ou melancólica?”

Fiquei bastante surpreso ao constatar que quase 75% das pessoas consideram o final do ano uma época bastante melancólica.

Ou seja, as pessoas enfeitam suas casas com lâmpadas e árvores, saímos em grupos para comprar presentes para nossos queridos familiares e amigos, nos encontramos com o pessoal do trabalho num ambiente tão menos hostil que as empresas para fazer os famosos amigos secretos, etc. e ainda consideramos o final do ano uma época melancólica!

E por que raios o resultado do meu levantamento apontou que quase 75% das pessoas consideram o final do ano uma data melancólica e não alegre?


Então fui conversar com um terapeuta a respeito e ele me deu uma resposta simples e direta:

- Não o Natal em si, mas o final do ano é um marco de conclusão, é o fim de mais um ciclo. Por isso é também, em geral, um período onde olhamos para nós mesmos.


Ele tem razão.


O final de ano representa para as pessoas um fim. O fim de mais um ciclo de trabalho e convivência, ou seja, consciente ou inconscientemente fazemos um balanço comparativo entre este ano e os anteriores, pensando como serão, então, os próximos.


Realizamos uma ceia para provarmos a nós mesmos que tivemos a capacidade de colocar comida na mesa, presenteamos nossos entes queridos e enviamos cartões para provarmos que não nos esquecemos de ninguém, preparamos nossas roupas brancas e compramos espumantes para garantir que a sorte esteja do nosso lado no momento da virada.


E, note, o momento chama-se VIRADA do ano.


Esse é o ponto. Encaramos não apenas um reinício com a virada do ano, ou mais um Natal, mas MAIS um reinício!


É aí que separo os 75% dos melancólicos agonizantes dos 25% de felizes proprietários do espírito do Natal.


Quem é você nessa estatística?


Você faz parte dos 75% que deixam para pensar em si no final do ano e avaliar os resultados ou parte dos felizes 25% que passam o ano observando e mudando, aqui e ali, o que o incomoda em você mesmo?


Você faz parte dos 75% que escrevem cartões compulsivamente para os amigos com a agenda a tiracolo para não esquecer de ninguém ou faz parte dos 25% que ligam para os amigos sempre que podem, chamam para conversar quando precisam e atendem aos convites para festas e reuniões?


Você faz parte dos 75% que preparam uma ceia para reunir a família que quase nunca está junta ou faz parte dos 25% que sabem que, no final, a família não é um grupo formado por laços de sangue, mas por relações de carinho e compreensão. Você sabe de quantas famílias você faz parte todos os dias, na verdade?


Você faz parte dos 75% que deixam para comprar um presente caríssimo para cada amigo, parente, vizinho e colega no final do ano, ou faz parte dos 25% que presenteiam todos com tolerância, respeito, bondade, bom humor e lembranças durante todos os dias do ano?


E aí, o que eu desejo para você?


Que em 2010 o ano todo seja um grande presente, com muitas ceias com a família, amigos e colegas, que as realizações venham todos os dias, que o amor seja a peça chave da sua vida e não apenas das comemorações do final do ano!


Em 2010, espero que você e eu sejamos mais um braço para girar esta roda e reverter as estatísticas, provando que todos nós precisamos de uma festa da virada... todos os dias das nossas vidas!


Boas festas a todos os amigos e leitores que acompanham o Colhendo Bons
Ventos durante sua caminhada por anos cada vez mais felizes!


E muito obrigado!

domingo, dezembro 27, 2009

Oi Ni,

Não sou modesto ao dizer que sei escrever, mas escrever sobre você é difícil, pois existem poucas palavras com força suficiente para explicar o quanto você é importante para mim.

É bom contar, sem dúvida, com uma pessoa tão importante como você, que amo muito e que sempre tenho comigo onde quer que esteja nos últimos oito anos.

E é um nome desses oito anos de amizade que te digo com todas as forças que não existe ninguém nesse mundo em quem eu confie mais e que seja tão companheira quanto você. Uma garota ótima, linda, que sempre me diverte, conforta e apóia nos bons e nos maus momentos. Espero retribuir um décimo do que você representa para mim.

Te amo muito, gatona, e não deixo de dizer isso para quem quiser ouvir.

Do seu amigo que está sempre aqui,

Bato

(Hoje, 27/12, Eu e Ni completamos 1 ano de namoro. Tentei imaginar o que o Bato (amigo da Ni) diria a respeito dela depois de 8 anos de amizade. Está tudo aí e continua verdadeira a vontade de estarmos juntos... Sempre, como sempre foi. Parabéns para nós, amor!)

segunda-feira, dezembro 21, 2009

"Eco no Lixo"

Hoje fui até a chácara de um vizinho aqui do bairro, que vem organizando umas boas festinhas, para fazer uma pergunta muito simples:

"Quem vai recolher o lixo que está aqui na rua?"

Pelo que parece ele tem realizado algumas pvts (Raves pequenas) com certa organização, segurança na porta e tendas.

Nada contra! Gosto muito e já freqüentei Raves pra valer, com muita música, bebidas e drogas, que não uso por opção, mas sempre estão por lá. Até aqui o quadro é normal e até fiquei com vontade de dar um pulo para “ver de perto” a festa quando tivesse outra, porém ontem passei lá na frente com a minha namorada e percebi que havia muitos carros estacionados na estrada em frente a casa. Perto dos carros, lógico, havia muito lixo como garrafas, copos, latinhas de cerveja e energéticos, etc.

E imaginem se fiquei surpreso ao passar por lá hoje e observar grandes sacos na lixeira da chácara, porém todo aquele lixo da rua ainda no chão. Claro que não.
Há uma aura de impunidade que paira sobre as pessoas em relação às suas responsabilidades com o próximo, disso já sabemos. Porém acho muito curioso ver gente que não é ignorante, do contrário a chácara também estaria toda emporcalhada, que possui o hábito de cuidar bem da sua casa, mas não se preocupa com nada que esteja além da soleira de suas portas.

Me aproximei do portão, bati palmas e, logo depois dos cachorros, surgiu um senhor com cara de curioso que veio lentamente na minha direção. O caseiro:

- Pois não.
- Boa tarde, senhor. Tudo bom?
- Tudo... – Ele respondeu ainda caminhando na minha direção, cheio de dúvidas.
- Por favor, eu gostaria de saber quem é o responsável pelas festas – disse apontando para uma das tendas semi-desmontadas perto do portão.
- É “a” responsável, a moça que promove as festas. Eu trabalho com a avó dela.
- Entendo. E o senhor poderia chamá-la, por favor?
- Ela não está. Eu não trabalho com ela, trabalho com a avó. Por quê?
- Gostaria de saber quem vai recolher o lixo que está aqui na estrada. Tem garrafas, copos, latas... – afirmei apontando agora para a rua suja.
- O senhor vai ter que falar com ela... Chega à noite.
- Ok. Obrigado. Volto a procurá-la então.

O lixo, que já é uma das frentes de estudo da economia – que particularmente chamo de “Econolixo” quando estudo o próprio como fator de impacto ambiental – ainda não é considerado pelas pessoas um fator importante na busca pela qualidade de vida. Ele não só entope bueiros e suja reservas ambientais, como temos aqui no meu sitio, na Serra do Japi, mas também vulgariza a paisagem e nos remete ao mundo animal da forma mais concreta possível. Quem não fica enojado ou se sente descontente com a humanidade quando vê alguém jogando lixo pela janela do carro? Sinto-me péssimo só de ver!

É incrível como as pessoas, por mais ricas e poderosas que sejam, não entendem que atitudes como esta deixarão uma dívida enorme para seus filhos pagarem ao planeta, e que será cobrada duramente.

Não falo em nome do “ecochatismo” ou coisa parecida, pois não concordo com extremos de forma alguma. Apenas não jogo lixo no chão pura e simplesmente pela educação que foi-me dada.

E é com a mesma educação e cordialidade com que pedirei à moça para recolher seu lixo do espaço público que peço para todos nós:

Não é necessário recolher o lixo alheio. Mas, por favor, recolha sempre o seu.

domingo, dezembro 20, 2009

“Faça-se hoje,

[Existem momentos em nossas vidas onde as coisas perdem a forma, assumem apenas uma silhueta.
São momentos em que as alegrias surgem como manchas aquareladas e divertidas pela tela disforme do tempo. Olhar para essas manchas é um intervalo de graça diante do abismo profundo que se abre quando olhamos para dentro de nós mesmos.
Nestas ocasiões não há pessoa que possa segurar sua mão ou jogar uma corda, são momentos onde a capacidade de estar apenas em sua própria companhia coloca a prova a elasticidade da alma.
Surgem os becos onde a escuridão impregna e se alastra para fora, tal qual um animal encurralado, que vê no ataque toda a chance de sobrevivência.

Conforme avança, afasta. Essa é a característica dos tempos de escuridão.

Buracos onde caímos esperando por braços fortes que também estão esticados dentro de seus próprios buracos, esperando por braços fortes.

E a alma egoísta do seu humano é capaz de coisas incríveis, já que aprendeu na escola da vida que solidão é fazer algo pelas pessoas esperando por qualquer tipo de retorno.]

garanta-se amanhã.”

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Determinismo Revisado

Acorda tarde demais, ainda antes do sol nascer, e esquenta a água para fazer o café forte.
Acorda cedo demais com o barulho dos carros e corre para acordar os filhos para a escola.

Toma café da manhã sozinho, monta na pick-up mastigando uma maçã e sai.
Toma café da manhã na cozinha, derruba pasta de dente na gravata e sai.

Uma vez por semana salta do carro para içar o galho de árvore que interrompe a estrada e lhe corta as mãos.
Duas horas por dia de trânsito para chegar ao trabalho, sem hora para voltar pra casa ou almoçar com os colegas.

Abre a porta de ferro e varre a poeira com a vassoura de palha, tira o pó dos cantos e das prateleiras, separando as folhas de fumo dos sacos de ração para animais.
Abre a porta de vidro e acena para a secretária, enquanto espalha os papéis sobre a mesa e limpa a sujeira do teclado do computador.

Abre discurso com o encarregado para organizar as vendas do dias, depois sobe as escadas do sótão com a calculadora numa mão e o bloco de notas na outra.
Abre a palestra do superior com dezenas de planilhas, depois sobe as escadas do prédio para pegar as assinaturas que faltam para o projeto.

Não são nem dez horas quando o advogado bate à porta. Ouve quieto sobre os problemas da hipoteca, em seguida o encarregado pede demissão.
Não são nem quatro horas quando desce pelas escadas com os braços ao lado do corpo e o ombro caído sem nenhuma aprovação.

Às quatro ele coloca a placa de “contrata-se” na entrada do armazém e desce a porta.
Às sete ele busca as crianças na escola e segue pra casa com o rádio falando notícias.

Explica para a mulher compreensiva o acontecido, que lhe faz um agrado antes de jantarem juntos na pequena mesa que divide a sala de jantar da cozinha.
Ignora a mulher quando entra em casa, desce para a luxuosa sala de estar com o whisky na mão.

Senta-se na cadeira de madeira da varanda esfregando as pernas sob o sol do fim de tarde que alegra e doura o verde esperança das montanhas e o sorriso de verão.
No sofá da sala, em frente à televisão sente o azedume da camisa e o torpor da bebida enquanto se martiriza pela falta que lhe faz o tempo de criança.

Não vemos o mundo do jeito que ele é, nós o vemos como somos.

sexta-feira, novembro 06, 2009

Cidadezinha

Existe dentro de cada pessoa uma cidade.

Um lugar perto ou distante, com cheiro de Belfast ou Manhattan, onde pode-se dividir uma torta de maçãs com os vizinhos ou nem ao menos saber seus nomes.

Para alguns esta cidade está à beira de um pântano salgado, com o cheiro taciturno e rude do lar. Para outros é uma metrópole abarrotada de buzinas e sapatos ligeiros, banhada por de um mar de futuro.

Suados pescadores trabalham em barcos camaroneiros e belas moças chafurdam em lojas entre rapazes engravatados e gentis. São lugares sólidos ou sórdidos, de pesares, pensamentos e devaneios.

Todo fato é livre de sentimentos e todo sentimento guia-se pelas placas das ruas e avenidas até seu destino.

Muitos podem habitar esta cidade para torná-la apenas sua. Os mais diversos cidadãos de cartolina, valiosos como um novíssimo bilhete do metrô, ou apenas gentis fazendeiros e rendeiras que constroem seus dias a passos de formigas.

São poucas as pessoas a quem se deve apresentar sua cidade. Trazemos para ela apenas aqueles que são merecedores desse crédito, justificados por nós mesmos.

Vez por outra é difícil encontrar alguém que realmente valha a pena levar para sua cidade para dividir uma torta de maçã ou fumar um cigarro.

Não raro, parece impossível encontrar quem realmente mereça conhecê-la.

Então o lugar torna-se muito próprio. Um poço impróprio de almas de cartolina.

E fica muito fácil perceber que os dias são muito solitários.

terça-feira, outubro 27, 2009

A Fruta

Sinto um gosto doce em minha boca
De uma fruta que segurei entre os dedos
Com gosto sério e selvagem e pele viva
E com o cheiro mais sincero do desejo

Sinto a vontade na mordida profunda
No suco que escorre dos meus lábios,
aaaescoa pelos vaus dos meus poros
Espalha o sabor por todo o corpo

São momentos de pura delícia
Da mais açucarada polpa e do êxtase
De fruta predileta mordida

São lábios que tocam o doce
Néctar que suga a alma por dentro
E migra do tato físico ao paraíso

O calor dos verões incontáveis
Sob a brisa imaculada de uma ilha
Nos olhos que flamejam e nos sorrisos
Que apalpam o milagre e florescem a vida

É a sensação única do encontro
De uma língua irascível e assassina
Com o chão firme dos prazeres de uma fruta
Doce, doce em alma, paixão e delícia.

sábado, outubro 24, 2009

Sem título

“As pessoas me perguntam como é ser casada com um santo. É chato, eu respondo. Antes casar-se com o diabo. Já experimentei um pouco do céu em minha vida e também um pouco do inferno, e prefiro o inferno. Mas o que você diz é verdade, Tom. Ele é um homem excelente.”

Da personagem Tolitha, do livro O Príncipe das Marés, de Pat Conroy.

Quando me perguntam se acredito no céu, eu, que não tenho religião por opção e nenhuma crença semelhante, respondo:

- Sim, você está nele. Ah, e no inferno também.

Não tenho nada contra as crenças de ninguém. Pelo contrário, acho muito bonita a fé. Tenho a minha também, que reside em mim e em todas as outras pessoas que estão nesse mundo e fora dele também.

Porém acredito que o bem e o mal estão aí, cada um com seus 50% de chances de vingar, bem como o mesmo tanto de influência em nossas vidas.

A alegria e a tristeza estão intimamente ligadas com a tendência que cada um tem de se surpreender e acreditar no que é bom e no que é mau. No que presta e no que não presta. Tem gente que vê a beleza sublime de uma paisagem e se choca com isso sentindo um conforto no coração. Outras se chocam com o que as fere, machuca de verdade, é feio e o resto é apenas comum. Essa é a diferença de quem é feliz com a vida ou não, na minha concepção.

A mídia, por exemplo, atende muito mais a quem necessita ser chocado com o que fere, machuca. Isso vender melhor por que o bonito não chama tanta atenção com suas imagens, é sublime. O feio é impactante, fascinante, requer mais sentimentos e menos lógica por ser entendido instantaneamente pelos instintos.

Por isso a tragédia tem um som tão claro para a maioria, enquanto uma bonita paisagem pode passar despercebida. Feliz quem pertence à minoria.

Eu procuro.

Não há noite de briga que me faça acordar sem pensar “Hoje vale a pena vestir a camiseta verde. Não vou dar trela para ontem, já foi.”

E quando os religiosos dizem:
- Deus deu o dom da vida e só ele pode tirar.

Penso:
- Sim. E o faz.
E, nesse meio tempo, só podemos ajustar o balanço fino do bem e do mau, do sim e do não e do certo e do errado.

Santa Inquisição

- Eilor, você se acha bonito?
- Hoje não. Às vezes eu me acho bonito sim. Falando de aparência física, né?
- É. E você se considera sexy?
- Tem vezes que quero e consigo ser sim e noutras faço sem querer. Mas é algo que acontece, não o tempo todo como algumas pessoas conseguem ser. Por que?
- Quero saber só. E você se acha interessante?
- Acho sim! Isso eu sei ser. Mas também sei como não ser quando quero.
- Legal... o que mais você acha?
- Acho melhor você parar de perguntar.

quarta-feira, outubro 14, 2009

Ode ao Mar Revolto

Nem todos os sentimentos existem para serem mostrados.
Nem todas as pessoas estão prontas para percebê-los.

Sentimentos são a forma que encontramos para nos associar a tudo.
Para nos identificar além da existência física com o mundo invisível que nos cerca.

Sentimentos nos protegem ou encorajam, bons ou maus são um porto seguro em meio ao oceano das emoções.

Um porto flutuante que nos engana por pensarmos lançar âncora num atracadouro.
Que, sem notarmos, também é navio.

Um navio que não sabemos controlar.
Não podemos, navega somente.

Independe do nosso comando e, quando percebemos, nos leva para longe de tudo o que mais amamos.

E amar, meu caro, também é um sentimento.

sábado, setembro 19, 2009

Ontem fui ao teatro

Saí do trabalho, busquei minha namorada no dela e fomos para o prédio da FIESP, na Avenida Paulista, assistir “Estória de Muitos Amores”. Uma boa idéia que ela deu para a nossa sexta-feira.
Boa peça, com elenco extremamente dedicado, boa direção e produção simples, mas bem feita.
Gostei muito sim, mas a cada vez que vou ao teatro fico com a sensação de que deveria fazer mais isso.
Teatro é a arte com vida, gesto, som e imagem, que conversa de verdade com você. Não apenas a conversa lógica, mas também com as verdades do coração.
Peças teatrais são, para mim, uma forma de aglomeração cultural. São escritas, lidas, discutidas, contadas e encenadas. Não há nada mais completo do que esta forma de arte. Nada mais histórico e popular.
Não há no mundo maior exemplo de cultura e documentação artística.
Mas por que se perde e perde-se, dia a dia, a arte do teatro?
Por que será que substituímos algo tão completo por frações?
Como se dá a vocação da sociedade em, por vezes, subestimar sua cultura?
Como sempre digo, a arte é a casa da verdade. Por vezes de forma abstrata mas, ainda assim, verdade. E não se deve marginalizar a verdade.
Vá ao teatro.

segunda-feira, setembro 14, 2009

Re-cordis

Descobri que existem amores já faz tempo.
Surgiram grandes ou pequenos
Sólidos ou líquidos
E com sintomas de vento

Me fizeram palavras e serpentes
Sussurraram em meu ouvindo
Um leva-e-traz mágico
Indo e vindo de sentimentos

Hoje tenho mais do que muitos amores
Pois já existe desde sempre
O coração cheio de um amor
Que é tão eterno quanto o tempo

domingo, setembro 13, 2009

Texto tirado de um sonho

Estávamos sentados no sofá da sala quando perguntei finalmente:
- Você quer casar comigo?
O silêncio durou alguns segundos antes dela começar a se encolher, aos poucos, no encosto do sofá.
- Não. Não agora.
E, antes que ela pudesse colocar minhas mãos entre as suas me levantei e apanhei um atlas geográfico na estante.
Abri um mapa qualquer e procurei alguma coisa. Percorri todo o papel com silêncio e insistência. Retive-me momentaneamente na rosa dos ventos.
Era uma geografia toda nova para mim.
Fechei o livro e recoloquei-o na estante, num lugar diferente de onde costumava ficar.
Durante todo o tempo ela tentava me olhar nos olhos, mas não tinha uma resposta muito diferente da que eu havia recebido há pouco.
Sentei-me novamente no sofá, com os braços sobre as pernas e as mãos enfiadas nos joelhos.
Podia ver as lágrimas escorrendo de seus olhos e salpicando o estofamento com um tuc-tuc, característico.
Esperei mais algum tempo até sentir seu rosto molhado encostar-se ao meu, seco.
Ficamos alguns minutos ali, parados com as testas encostadas e com seus dedos semi-esticados, tentando tocar os meus, sem sucesso. Sem o menor tato.
Levantei-me e fui me deitar.
O mais engraçado é que nos dias seguintes não sentia rancor. Não quer dizer que não nos casamos depois, ou mesmo que viemos a casar.
Tinha apenas um atlas fora de lugar.

*Texto baseado num sonho que tive ontem à noite.

segunda-feira, agosto 31, 2009

Dias de parede

Azulejo o dia em que me tornarei mais do que um simples chá.
Pincelarei a hora de botar todos os ovos dessa vida, aguando o pasto em que hei de almoçar.
Já não terei então percorrido todo o mundo, girado na balança dos desesperos e chacoalhado a tromba pra lá e pra cá.
Veja os gráficos desenhados com rasuras do meu amigo Victor, que se afastam rodopiando, plenos, e saltitemos pelo tablado de tantos pensamentos com dores nos pés de tanto macular.
No olhar grave da minha namorada gastei duas gemas preciosas de tanto amar e amar e amar e amar e chamei no encalço todos os pigmeus à procura.
Ajardino as praças de São Paulo e sinto falta do Gastão Vidigal, onde os cães de Babel tentam falar agruras e piam a prata da casa.
E assim pinto esse mundo de porcelana suja e escovo os dentes de vez, para nunca mais cronometrar.

domingo, agosto 16, 2009

Quando acabou

Quando eu era pequeno, como fazem as crianças, tinha um mundo todo meu.
Todas as pessoas seriam eternamente pais, tios, primos e amiguinhos.
Eu me tornaria piloto de Formula 1 ou de avião caça, seria um detetive ou um engenheiro de pontes.
Naqueles tempos viajar era ir ao parque ou ao bazar da rua de baixo da minha casa, em São Paulo. Nem mesmo São Paulo era tão pequena.
Foi quando meu pai me chamou num canto e me disse:

- Bato, o vovô morreu.

Eu não entendi bem aquilo. Morrer não era algo concebível para mim ainda.
Então franzi as sobrancelhas e dei de ombros.
Meu pai, percebendo que eu não havia entendido, insistiu:

- Bato, o vovô acabou.

Então meus olhos se encheram de lágrimas.
E essa foi a primeira vez que chorei por um motivo que não era infantil.

sexta-feira, agosto 07, 2009

Nós, Homens...

Não entendo exatamente por que é tão sério quando a depiladora deixa a sobrancelha “torta”. Não sei mesmo dizer se foram quilinhos a mais ou a menos nessa ou na outra semana.
Já entendi que quando uma mulher fica frustrada, é melhor não contrariar nunca, mas tentar mudar o assunto.
Quem nunca viu uma mulher sofrer de transtorno bipolar pelo menos uma vez?
E quem nunca ficou perdido quando ela entra no banho sorrindo e sai chutando a porta do armário?
Parece meio engraçado aquela toalha enrolada na cabeça e o bico durante o café da manha, quando o cabelo “o meu cabelo está uma droga!”.
Quem nunca teve o celular fuçado ou uma briga por causa da ex?
Nós, homens, podemos não entender algumas coisas que “são tão simples e você não percebeu!”, mas sabemos o quanto nos é importante a nossa pequena.
Sabemos que o respeito é essencial e que nenhuma mulher gosta de ser esquecida, ou de unha quebrada.
Temos todos os pretextos para sair com os amigos, mas estamos do lado naqueles dias mais sensíveis de choro.
Provocamos brigas e somos grosseiros, mas sabemos que não vale a pena ficar nem um minuto chateado, quando tem tantos beijos e abraços nos esperando.
Homem que ama de verdade sabe quanto vale encontrar um coração onde se aconcheguem tantas saudades e tanto carinho.

E quem ama sabe que o amor supera tudo, quando encontramos finalmente a pessoa certa para amar.

segunda-feira, julho 20, 2009

Qualé?!

Qual é a sua que deixa a luz acesa
Que abre a torneira e não fecha?

Qual é a sua que joga lixo na rua
Que anda de moto na calçada?

Qual é a de quem arranja briga no bar
Que quebra o estádio de futebol?

Qual é a praia de quem atira lixo no mar
Daqueles petroleiros velhos absurdos?

Qual é a de quem bate nos filhos
Ou trata as pessoas com menos importância?

Qual é a de quem fura filas
E dos que seguem ambulância e viatura?

Qual é a dos estressados do trânsito
E dos que se drogam na balada?

Qual é a de quem maltrata a vida
De quem vive na ignorância?

Não dá para entender muita coisa nesse mundo
Algumas delas entendo menos ainda!

Aí nasce esse poema meio bobo,
Com olhar inocente de criança...

segunda-feira, julho 06, 2009

Eu cá e ele lá

Lembrei hoje da última coisa que disse para o meu avô, no hospital, da última vez que o vi:

- Tchau vô. Vou te esperar com uma cerveja lá em casa para tomarmos juntos quando você voltar!

Ele nem sabia que eu não tomo mais cerveja e eu também não sabia eu que ele jamais voltaria.

Mas também nunca recusei tomar uma cerveja com ele, caminhando até sua casa com umas garrafas de Baden Baden e os copos que comprei para degustar umas e outras com o velho.

E o tempo nem sabia que precisava passar para levar para sempre aquele que ficava na varanda do sítio observando a nossa movimentação aqui em casa.

O tempo que passou levou, pouco a pouco, meu avô da varanda, da cerveja, dos dias e de tudo o que é importante para a nossa família.

Também aproveitei para recordar hoje uma semana que passei no final do ano de 2007 aqui em Jundiaí, quando tomávamos todos os dias uma garrafa de cerveja da cesta que ganhei de aniversário das meninas da faculdade. Uma por uma fomos acabando com aquelas cervejas e com o tempo que ainda tínhamos juntos.

Foi bom esse tempo.

E, apesar de não termos tomado aquela última cerveja prometida, ambos temos muito que recordar de dias como aqueles.

Eu cá e ele lá.

Recordando sempre, né vô?

terça-feira, junho 30, 2009

Tia Ma

Tem uma mulher que mora na minha casa
Mas não é apenas minha mãe
É mãe de todos

Quem a conhece sabe do que estou falando
Só quem já comeu feijoada com couve bem refogada
Quem já dormiu e acordou com um sorridente bom dia
Acorda sempre antes que todo mundo, que fique claro

É mãe do Victor, do Davi e da Ni
É mãe da gente
Mãe do mundo muitas vezes
E, sabendo do gênio que tem, é bom que goste de todos

Já subiu em árvore e andou em carrinho de rolimã
Me viu pular de asa-delta e montou legos comigo
Pregou peças em todos os filhos e fez festas surpresa

É aquela que até a nora chama de tia
Tia Ma
E não há quem não se lembre de mandar um beijo para ela
Não há quem se esqueça, nem por um minuto, da tia Ma

É a mãe de todos
E quem sempre tem amor no bolso
Sei que falo por todos os filhos quando digo

Te amo tia Ma!

Coexistência

Há dias que existem
Outros apenas coexistem
Às vezes penso nos dias que não se foram
Nas coisas que não aconteceram
E também nas que não vão acontecer

No outro eu que não sou eu
Nas ruas que atravessaria onde hoje existem praças
O que não gosto de fazer, como se gostasse
Nas montanhas que escalei e rios navegados
Todos na minha coexistência

Há tanta impotência no ato de coexistir
Tanta falta que poderia fazer quem não conhecemos
Todos os lugares que habitamos sem sair de casa
Ter conversas sobre assuntos proibidos
Com pessoas de quem nem mesmo sabemos

Tempos vindouros que não chegarão
E guerras passadas que não lutamos
Mas e se tivéssemos lutado?

Há tanta saudade na coexistência

E quer saber o que mais?
Não vale a pena coexistir

segunda-feira, junho 08, 2009

Os Dias

Existem dias muito bons
Dias de lareira queimando
De bons vinhos nos copos
Dias de bem dizer as pessoas
Que aquecem todas as casas

Existem dias de tempo gelado
Dias de bater os dentes
De pouca comida na mesa
Dias de reclamar um pouco
Que amolecem a paciência

Existem todos os dias comuns
Dias da semana inteira
De calor ou de frio intensos
Dias que só um amor pode curar
Que trazem sorte ou azar

Todos os dias são dias assim
Assim ou assado, hoje ou amanhã
Mas que saibamos escolher os temperos
O vinho que dá gosto à noite

E os amores para aquecer o frio
De hoje e de amanhã
Por todos os dias de nossas vidas

segunda-feira, maio 25, 2009

O Passado

O passado está em seu devido lugar, no tempo ao qual pertence. Torna-se história todos os dias.
Boas histórias, más histórias.
É aquele tempo que guarda algumas decisões corretas e, invariavelmente, todas as escolhas erradas. Também sobrevive nas escolhas não feitas, pois as decisões fazem parte apenas do presente.
Nunca é tarde demais para aprender com os problemas do passado e nunca é realmente cedo demais para superá-los. Essa é a alternativa para permitir-se um futuro realmente bom.
Assombrações estão à nossa volta o tempo todo.
Erros não superados. Eles podem doer, incomodar, chatear, ferir a quem se ama, manchar o futuro, corroer o presente, esse escritor com mãos incontroláveis e com fome de criar, enfim... podem tudo, conforme nossas escolhas.
E se podemos escolher quais partes do passado farão parte do nosso presente, e também do nosso futuro, me pergunto se vale à pena punir-se por ele, ou usá-lo para punir?

Não importa o que veio antes, desde que nosso coração saiba escolher hoje o que realmente desejamos levar conosco daqui para frente.

quarta-feira, abril 01, 2009

O Encontro

Deparei-me num pedaço da vida
Com alguém que agradou o tempo todo
Toda a pressa e a busca que pareciam perdidas
Encontraram neste alguém
A paz de um lar

Na saudade que às vezes emergia
Escondeu-se um amor de filme
Guardado por alguém que nunca desistiu
Que acreditou que esse tempo chegaria
Acreditou em nós

Hoje tenho todo o tempo do mundo
E a pessoa mais bonita
Mandei embora a pressa e a procura
Ficaram o desejo e a felicidade
Vieram com o mais bonito amor
Que há tantos anos é eterno

E aquela amizade incondicional
Não podia gerar fruto melhor
Não podia ter mais sabor
Do que a promessa de amor que é escrita
E dita, repetida
Todos os dias nos nossos olhares

quarta-feira, março 18, 2009

Viver tem Fronteiras

Estive pensando sobre o último comercial da operadora de telefonia TIM, tão comentado pelos meus amigos e amantes do marketing:



Sem dúvida é uma propaganda muito bem produzida e, mais ainda, motivadora. Carrega um tema que gosto nas propagandas: Revolução.

Porém hoje vi os argumentos deste vídeo com outros olhos. Questionei de verdade todas as mudanças que foram aí apresentadas:

- Um presidente negro com nome mulçumano dirigindo o país mais poderoso do mundo;
- O principal jogador de futebol do Brasil é uma mulher;
- O Papa utiliza a Internet para fazer os seus sermões;
- O prêmio de melhor filme foi para Bollywood, não para Hollywood;
- Qualquer pessoa pode carregar sua própria rede.


Achei incrível como o conjunto redação, imagens e trilha sonora dessa propaganda ilustram perfeitamente meu ponto de vista a respeito do momento em que vivemos hoje.

O conjunto de fatores pouco casuais como o de um presidente negro assumir o governo Norte Americano, o Papa utilizar a Internet para transmitir sua palavra ou um filme indiano receber o Oscar me parecem muito lógicos, não me surpreenderam mesmo quando recebi estas notícias pela primeira vez.

O que me motivou a pensar em tudo isso, na verdade, foi o que aconteceu depois, aqui no mundo real:

Barak Obama briga para impulsionar mais uma mudança no orçamento dos Estados Unidos em busca de salvação para outra seguradora privada à beira da falência.

Mais uma vez o Papa afirma que “a camisinha não é a solução para o problema da AIDS na África”.

Os atores que representaram a fase infantil dos astros do filme “Quem quer ser um milionário” foram recebidos como reis na FAVELA onde moram na Índia.

O governo acaba de lançar medidas controversas para garantir mais segurança aos torcedores nos estádios.


É... tudo mudou bastante!

Cada vez mais me parece que estamos muito deslumbrados com as inovações tecnológicas, com o fato de que “QUALQUER pessoa pode carregar sua própria rede”, para percebermos o que realmente precisa mudar no nosso mundo.

Na propaganda a trilha sonora começa vibrante como o amanhecer de um novo dia, de um tempo promissor, cheio de mudanças... e então parece desistir no meio do caminho em um tom morno. Não vinga!

É assim que o mundo vai lembrar da minha famosa geração Y?

Já temos uma crise para provar que nossos modelos estão ultrapassados;
E a força da tecnologia para levar nossa voz e nosso conhecimento além dos limites físicos;
Existem oportunidades para fazer mais e melhor agora que tropeçamos tão forte nos problemas mundiais da economia, do meio-ambiente, da desigualdade social...

Já notamos a necessidade de mudança, onde estão as provocações?

Quero aquele espírito jovem e promissor que movimenta o mundo nos piores e nos melhores momentos.

Por que temos tanto medo de tentar um passo grande, mesmo que o risco seja de cair novamente?

Aí a propaganda traz um túnel escuro que desemboca numa estrada vazia.

Vazia?!

Nossos sonhos estão cheios de oportunidades! Cheios de inovações e facilidades!

Desembocamos num velho mundo novo, cheio de promessas e dúvidas.

Peço mais uma vez que provoquemos as mudanças necessárias e que sejamos corajosos, apesar de toda a dúvida, para termos um novo mundo novo!

E então vem o slogan, especialmente para esta propaganda:

“Você, sem fronteiras”

Não ter fronteiras é se questionar, duvidar, lançar olhares tortos para tudo o que já está pasteurizado.

É começar de uma vez por todas as verdadeiras mudanças de que tanto ouvimos falar, mas que ainda não aconteceram por que não as provocamos.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Saber Amar

Relação saudável é aquela onde se pode amar a todas as pessoas, começando por você mesmo.
Aquela onde "ter alguém" significa estar junto, não ser proprietário.
Onde o desejo é correspondido com mais desejo e o respeito com mais respeito.

Relação saudável é saber que mesmo estando longe não estamos sozinhos, levamos conosco a confiança.
Aquela em que cumplicidade não significa humilhação.
Onde a saudade não vence nunca, mas também não desiste!

Relação saudável é a da brincadeira de criança, mas com seriedade nos sentimentos.
É o saboroso passar do tempo cheio de novas descobertas, juntos.
Das viagens pelas nuvens e do apoio a todos os sonhos, com responsabilidade um pelo outro.

A relação saudável também nos permite servir e ser servido com liberdade, sem ofensas.
Querer mais e mais do mesmo, o tempo todo, sem cansar ou mudar de idéia.
É colocar para cima a quem se ama, ensinar e aprender o valor do amor próprio todos os dias.
É respeitar os limites do outro tanto quanto seus próprios limites, sem provas.

É ter liberdade para amar a vontade, e cada vez mais, tendo apenas um coração.

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Lembranças

Lembro de tempos em tempos das boas passagens da minha vida.

Algumas que comento com amigos e familiares em conversas longas na mesa de um bar ou do jantar.

Outras que me fazem lembrar de tempos bons ou difíceis, seja no banho ou no caminho para o trabalho.

Dou gargalhadas quando recordo as palhaçadas e piadas sexuais na escola que faziam todo mundo dar risada, também dos finais de semana quando íamos bagunçar a vida da mãe no sítio.

Lembranças de tempos do colégio, baladas, festas nas casas dos amigos, bebedeiras na praça com direito a gente tirando a roupa e tudo.

Bons tempos de namoros curtos e histórias longas.

Bons tempos de sair da aula para o shopping ou para a casa do Victor, olhar para o teto ouvindo Beatles e discorrer pura filosofia.

Férias de viagens inesquecíveis, de praia com a turma, de miojo com hambúrguer e leite-condensado na lata de sobremesa.

Viagens muitas com amores diferentes e outras para encontrá-los.

Festas surpresas, pular o muro do meu tio para cair na piscina com a galera, cavalos de pau na frente de casa ou na estrada enlameada com o pai.

Tombo de moto que deixou cicatriz no joelho, o Jipe que quase capotei da ponte, voar livre pelo céu num planador, velejar.

Pessoas inesquecíveis que se foram antes da hora, mas que deixaram muito mais do que apenas lembranças.

Brincar com meus carrinhos na cama com meu avô, ver uma amiga partir tão cedo num acidente de carro, entender o que é uma doença do jeito mais difícil, compreender que nada realmente é eterno.

E que nada pode ser eterno, a vida tem movimento e vontade própria.

Brigar com o pai quando mudei para São Paulo e descobrir depois de anos que somos pai e filho de verdade.

Levar a mãe para ver seu ídolo ao vivo.

Ver os amigos partindo para outras cidades, outros países, mundos tão amplos que me motivam todos os dias a saber mais sobre eles.

Deixam tanta saudade, mas sei que voltam.

Trabalhar duro todos os dias e voltar para casa com os pés doendo e a cabeça satisfeita.

Lembro de todos os rostos, todos os passos e as conversas que foram importantes e realmente fizeram alguma diferença.

E se me lembro disso tudo é por que olho para trás e não consigo ficar triste, não me arrependo de nenhum minuto de todo esse tempo.

Respeito meu passado como um senhor sincero, mas nem sempre gentil.

E acredito sinceramente que o passado é um farol forte que ilumina o presente e clareia o caminho para o futuro.

terça-feira, janeiro 20, 2009

Brincando

Queria correr um pouco, disparar pela rua num tempo maluco.

Não respondia perguntas ou pedia informação, apenas caminhava para longe, organizando na cabeça tanta contramão.

Apelidei o tempo de selvagem.

Marginalizei todas as pessoas lá e cá.

Tudo rodopiou por um tempo, zuniu no ouvido, molhou com a chuva de pensamentos.

Nada era mais infame do que o salto dos minutos, que não me traziam solução.

Foi então que decidi que o tempo estava comigo, que agora não tinha inimigos.

Encontrei mão para tudo, todas as ruas davam pé.

Cá e lá tropeçava numa resposta.

Então tudo ficou mais claro, limpo.

Entendi que precisava de tempo para ordenar as coisas, precisava de uma força.

Me ajuda com o texto?

sexta-feira, janeiro 09, 2009

Sexta-feira

Hoje é sexta-feira.
E o mais interessante é que é de fato sexta-feira, com cara de sexta-feira, sol de sexta-feira, cheiro de sexta-feira e, principalmente, humor de sexta-feira.

Aquele dia no qual se acorda mais cedo que o normal, pensando em acordar tarde no sábado, sair para almoçar antes com os colegas do trabalho somente com a preocupação de dar umas boas risadas, se permitir grudar na mesa daquela pessoa com quem gosta de conversar por horas, mesmo que o dia esteja mais corrido do que uma sexta-feira padrão.

E ai de quem disser às 16 horas que precisa de um trabalho urgente. É pior que pergunta no final da aula! Urgente é para segunda-feira, gente!

Sexta-feira os chefes dão mais risadas, os fornecedores estão de camiseta e o cinto segura uma bela e folgada calça jeans.

Esperto é o gato, que já nasce de bigode, e também quem trabalha duro até quinta para “poder mais” na sexta-feira!

E quer saber o que?
Vou embora mais cedo hoje, afinal é sexta-feira!

Dia de encontrar a namorada no fim da tarde, pegar um cinema, jantar com a família e fazer aquele cooper que faltou na semana.

Até segunda.