segunda-feira, dezembro 31, 2007

Proletário ou prole, otário.

Não vamos falar de política. Sem chance.
Mas vamos “politicar” um pouco.

No dia 14 de março do ano de 2008 serão 25 anos de sociedade pós-Karl Marx.
Mais de um quarto de século da luta de classes, de russos e americanos, de muitas forças que moveram ou movem o planeta. Idealismos que hoje estão nos livros de história, muitas vezes fechados, porém muito debatidos e vivos.
Há quem se lembre dos balanços e balaços do terror e que já tenha lido as fantásticas charges da época.

Já no dia 7 de Abril serão 61 anos da morte de Henri Ford.
Carros negros que, na cabeça de seu idealizador, foram projetados e construídos de forma tal que os próprios trabalhadores de sua fábrica poderiam comprá-los.

Ideais que receberam seus créditos, seja no tempo certo ou tarde demais, mas que moveram cérebros, gesticularam políticos, digladiaram países e construíram Blogs.

Discutida com certo amigo, ficam perguntas que politizam os fatos.
Procede a classe média contemporânea preferir pagar ensino particular para seus filhos?
Não cabem a nós tempos melhores, ou será que todos os dias serão de sol eternamente?
Alguns chovem.
Eu chovi?

Não Mentem

Instiga o cérebro.
Mastiga as palavras.
Agora fala!

O Barco e o Barqueiro

Não se sabe há quanto tempo aquele homem navegava.
Sua pele não era nem preta nem branca, mas lustrosa no bronze tropical e manchada pelo sol. Seu corpo era velho mas estranhamente musculoso. Arqueado pelo tempo e endireitado pelo esforço.
Seus olhos não. Estes eram vivos como o mar e capazes de iluminar qualquer estrada, seja dia ou noite.
Sobre o barco não convém afirmar se grande ou se pequeno, se de vela alva e lisa ou manchada de retalhos, se largamente tripulado ou duramente solitário. É barco.
Certo dia, o homem percebeu que seu norte estava a leste. Três anos luz a leste de todos os outros nortes que existiam.
Sentou ao comando e meditou sobre sua situação: Rumar para o norte poupando o velho corpo, aproveitando os bons ventos para lentamente apontar a proa a leste, ou responder aos anseios dos jovens olhos e guinar o leme e girar a vela em direção ao destino final.
Hoje a esperança que se renovou no instante de sua decisão voltou a ser a mesma que o acompanhara nos últimos tempos de sua longa jornada. Porém, o velho corpo, os jovens olhos e o barco rumam ao encontro de seu destino oriental, infinitamente mais próximos do norte, para o qual todos os barcos rumam.

Sobre o Conhecimento

Três homens cavavam um poço cada.
O primeiro, depois de muito cavar, encontrou lama e daquele poço nunca mais saiu.
O segundo encontrou água e morreu afogado.
O terceiro, por sua vez, encontrou um tesouro e até hoje não se sabe se ele ficou no poço com sua ganância, se comprou toda a água do mundo ou se morreu atolado.

Jornada

E quando acordei vi que o sapato
Não estava mais lá
Tiraram do pé
O chão
Tiraram da mão
A chance
Dos olhos, o horizonte
Futuro, do pretérito
Da queda, foi-se o baque surdo
Do corpo, a rocha
Das pernas, o calor
E quem restou foi o coração
E das dores, a esperança
A saliva que não vinga
A chance que morreu
Mas a cada dia de sol
Renasce

Rua do Arauto

Blém, blém, blém...
Todos os dias, pela manhã, o sino do arauto subia as ruas.
Com ele, as notícias.

Blém, blém, blém...
Pelas ruas, chuva, sol, arauto, sino e as notícias.
Subiam todos, também os dias.

Blém, blém, blém...
Certo dia, pela manhã, subiu o sino e seu arauto, não as notícias.
Em seu lugar, verdade.
A esposa do padeiro não gostou.
O padre não gostou.
O prefeito não gostou.
O major não gostou.
O delegado e o ferreiro também não gostaram.
Blém, blém e blém.

Pela tarde, o sino da igreja desceu as ruas.
Blémmm, blémmm, blémmm...

No outro dia subiram, pela Rua do Arauto, o sino, outro arauto e as notícias.

Para inglês ver

Um inglês subiu num banquinho para reclamar de sua pátria.
Todos os dias, meio dia, a mesma coisa.
Certo meio dia disse um garoto ao inglês:
- Senhor, o baquinho é para sentar!
E o inglês nunca mais reclamou.